Bolsonaro quer usar “problemas de saúde” para pedir prisão domiciliar após condenação no STF

Atualizado em 9 de setembro de 2025 às 9:03
O ex-presidente Jair Bolsonaro na casa em que cumpre prisão domiciliar, em Brasília. Foto: Gabriela Biló/Folhapress

Jair Bolsonaro (PL) já prepara a estratégia de pedir ao Supremo Tribunal Federal (STF) para permanecer em prisão domiciliar caso seja condenado no julgamento da trama golpista.

A defesa do ex-presidente, conforme informações da Folha, pretende sustentar o pedido com base em seu estado de saúde, que inclui crises de soluço, vômitos, perda de peso e sinais de fragilidade física. Aliados e familiares vêm reforçando publicamente essa narrativa para pressionar o tribunal.

O julgamento pela 1ª Turma do STF deve ser concluído até sexta-feira (12). Bolsonaro já se encontra em prisão domiciliar desde agosto, após descumprir medidas cautelares impostas pelo ministro Alexandre de Moraes. Segundo pessoas próximas, a ideia é usar relatórios médicos para justificar a permanência em casa. Caso o pedido seja negado, a defesa considera a possibilidade de internação hospitalar imediata.

Nos últimos dias, advogados solicitaram autorização a Moraes para que Bolsonaro seja submetido a um procedimento cirúrgico no próximo domingo (14), data em que a condenação já deve estar definida. O pedido é para retirada de uma mancha na pele, mas interlocutores avaliam que a estratégia busca reforçar o argumento de fragilidade.

Aliados relatam ainda que Bolsonaro estaria abatido e desanimado. Carlos Bolsonaro, vereador no Rio de Janeiro, disse que o pai “não tem vontade de se alimentar e segue enfrentando intermináveis crises de soluço e vômitos”.

Outros apoiadores, como a senadora Damares Alves (Republicanos-DF), tentaram transmitir uma imagem de serenidade, mas reconheceram a dificuldade de saúde.

O próprio ex-presidente já admitiu em entrevistas que uma prisão representaria o “fim da sua vida”. Ele teria selado acordo político com Tarcísio de Freitas e líderes do Centrão, abrindo mão de reverter a inelegibilidade em troca de articulações por uma anistia no Congresso. Nesse cenário, permanecer em casa serviria como estratégia até que a proposta avance no Legislativo.

A decisão final caberá ao STF, que pode optar entre manter a prisão domiciliar, encaminhar Bolsonaro à carceragem da Polícia Federal ou ao Complexo da Papuda, em Brasília. Caso o tribunal não aceite os argumentos médicos, a defesa deve insistir em uma internação hospitalar, prolongando o impasse político e jurídico. Moraes ainda não se manifestou sobre o novo pedido.