Bolsonaro quis esconder futilidade e vida vazia de Michelle por 100 anos. Por Leandro Fortes

Atualizado em 11 de janeiro de 2023 às 19:31
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro. Foto: Reprodução

Em se tratando da personagem envolvida, uma fanática religiosa que recebia cheques de um miliciano ligado, no Rio, a grupos de extermínio, esperava-se muito mais da quebra de sigilo da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro. Afinal, o marido, Jair, havia colocado em segredo de 100 longos anos a movimentação em torno da agenda da frenética bombshell do mundo gospel que promovia concorridos cultos evangélicos no Palácio da Alvorada, ao mesmo tempo em que administrava o lobby feminino conservador da base bolsonarista – sem falar na tarefa inglória de aturar em casa as birras de Carlos Bolsonaro, o Carluxo, o bebezão de 40 anos que veio no pacote matrimonial.

Aberto o sigilo centenário de Michelle, o primeiro da série de muitos solicitados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, revelou-se uma agenda vinculada, em 2022, a quatro tipos de compromisso: receber uma servidora pública, Nídia Limeira de Sá, diretora de Acessibilidade e Apoio a Pessoas com Deficiência do Ministério da Educação (51 vezes); um pastor, Claudir Machado, da Igreja Batista Atitude, em Brasília (31 vezes); uma cabelereira, Juliene Cunha (24 vezes); e uma estilista, Cynara Boechat (5 vezes).

Nídia é mais um desses casos de representatividade vazia do mundo feminino em espaços da extrema-direita usados como fachada identitária para amortecer críticas a um governo notadamente machista e misógino. Como Michelle, dedicava-se muito mais à língua dos anjos e a convescotes no Palácio da Alvorada do que ao expediente no MEC, onde transitava em uma área cara às pretensões políticas da ex-primeira-dama, que pretendia se tornar referência entre os deficientes físicos do País. Nídia, até onde se sabe, ainda está no MEC (alô, ministro Camilo Santana!).

Claudir Machado é um projeto de Malafaia sem a voz nem o ímpeto do charlatão mais amado do bolsonarismo. Contentou-se, portanto, a ser uma espécie de guru espiritual de Michelle, a quem ajudava na organização dos exorcismos e daqueles cultos evangélicos dentro do Alvorada que estão na origem da destruição física e moral da mais bela obra arquitetônica de Oscar Niemeyer. O pastor também se notabilizou, em Brasília, por promover encontros de casais para discutir finanças e sexualidade – não se sabe se, exatamente, nessa ordem.

A não ser que Nídia e Claudir frequentassem a residência oficial da Presidência da República para intermediar novas remessas de cheques do miliciano de estimação Fabrício Queiroz, a única razão plausível para Bolsonaro ter decretado 100 anos de sigilo na insossa agenda social de Michelle foi a de evitar dar visibilidade às outras demais visitas contumazes: a cabelereira Juliene e a estilista Cynara.

Pouco se sabe sobre as duas, a não ser o fato de que ambas são conhecidas de Michelle de outras vidas, anteriores ao glamour da Presidência, e que eram acionadas sempre que madame queria dar um up no look, a fim de seduzir o maridão quando Carluxo cedia espaço na cama do casal.

Ao tornar segredo de Estado a presença das duas, no Alvorada, Bolsonaro pretendeu esconder do mundo, para além da vida de todos os envolvidos, a rotina de futilidade e cafonice que preenchiam os dias da primeira-dama do pior presidente da história do Brasil.

Participe de nosso grupo no WhatsApp, clique neste link

Entre em nosso canal no Telegram, clique neste link