Bolsonaro revela que não pode mais bancar Eduardo nos EUA: “O dinheiro acabou”

Atualizado em 17 de julho de 2025 às 17:53
Jair e Eduardo Bolsonaro

O ex-presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quinta-feira (17) que já não tem mais condições financeiras de manter o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro nos Estados Unidos. “Já mandei R$ 2 milhões. Eu não tenho mais. O dinheiro está acabando”, disse Bolsonaro, ao comentar a permanência do filho nos EUA.

Segundo ele, desde que o filho deixou o país, em março deste ano, foram enviados cerca de R$ 2 milhões para custear sua permanência no exterior. A declaração foi dada após reunião com aliados no gabinete do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), em Brasília.

Eduardo está afastado da Câmara dos Deputados desde março, sob alegação de que poderia ser alvo de decisões do Supremo Tribunal Federal (STF), que à época analisava a retenção de seu passaporte. Desde então, ele atua nos bastidores articulando apoio internacional ao pai, incluindo pressões ao governo americano contra o Judiciário brasileiro.

I deputado licenciado celebrou recentemente a decisão de Donald Trump de impor uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, justificando que a medida seria uma resposta à “perseguição judicial” sofrida por Bolsonaro no Brasil.

O deputado tem se aproximado da Casa Branca e participa de encontros com assessores do governo americano em Washington. Segundo Bolsonaro, a expectativa é que o filho permaneça no país mesmo com o esgotamento dos recursos enviados.

O senador Flávio Bolsonaro afirmou que Eduardo pode continuar licenciado da Câmara sem perder o mandato. De acordo com o regimento, ele pode se ausentar por até 44 sessões ordinárias, o equivalente a cerca de cinco meses.

Flávio Bolsonaro e Eduardo Bolsonaro. Foto: Divulgação

Esse mesmo entendimento foi aplicado ao caso do deputado Chiquinho Brazão (sem partido-RJ), atualmente preso sob acusação de envolvimento na morte da vereadora Marielle Franco. Brazão teve a perda de mandato determinada por ausência reiterada, conforme previsto no artigo 55 da Constituição.

A Constituição estabelece que deputados e senadores perdem o mandato se deixarem de comparecer a mais de um terço das sessões ordinárias da Casa, salvo em caso de licença ou missão oficial aprovada pelo Legislativo. Eduardo Bolsonaro, até o momento, permanece licenciado sem justificativas adicionais formais sobre missão oficial, o que pode colocá-lo em risco de cassação se ultrapassar o limite previsto.

O PL, partido ao qual Eduardo e Bolsonaro são filiados, articula nos bastidores para prolongar a permanência do deputado no exterior sem abrir mão do cargo.

O presidente da legenda na Câmara, Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), confirmou que Eduardo ainda está dentro do limite permitido pela legislação, mas disse que avaliam medidas adicionais para garantir sua permanência como “parlamentar”.

Nos bastidores, a permanência de Eduardo nos Estados Unidos é vista como estratégica. Além de fortalecer os laços com aliados de Trump, o deputado tem atuado em frentes internacionais contra o governo Lula e em defesa do pai, que é alvo de diversas investigações.

A pressão para que Eduardo volte ao Brasil vem aumentando, inclusive dentro da própria Câmara. Enquanto isso, Bolsonaro segue criticando as instituições brasileiras e defendendo ações no exterior para pressionar o governo Lula.