Bolsonaro rompe silêncio e incita golpe com seguidores: ”Nada está perdido. Ponto final só com a morte”

Atualizado em 9 de dezembro de 2022 às 18:40
Bolsonaro fala aos golpistas em Brasília

Jair Bolsonaro saiu no jardim do Palácio do Planalto e fez discurso para os golpistas que ficam de plantão em frente ao quartel general do Exército em Brasília.

É a primeira vez que ele encontra seu gado desde que foi derrotado por Lula. Em suas aparições públicas anteriores, apenas chorou copiosamente.

De camisa azul royal fora da calça, barriga protuberante, ao lado do general Braga Netto, vice na campanha, o sujeito açulou os ânimos da escumalha com frases de efeito e chamados da extrema-direita para a ação — o apito de cachorro.

“Quem decide meu futuro são vocês. Fiquei quase 40 dias calado. Dói, dói na alma”, falou.

Mais: “As forças armadas são o último obstáculo para o socialismo. Tenho certeza de que estão unidas. Devem lealdade ao povo e respeito à Constituição. E são responsáveis pela nossa liberdade”.

“Nunca vi no mundo o povo ir à rua para um presidente ficar. Só vi o povo ir à rua para tirar presidente”, declarou, ao que os seguidores entoaram um coro de “fica, fica”.

Discorreu sobre Cuba e Venezuela e fez ameaças. “Vamos acreditar. Vamos nos unir e buscar alternativas”, afirmou. 

“Algumas pessoas aqui na frente já perderam e poderão perder mais ainda. Esse é o temor de muitos de vocês. Não podemos esperar chegar lá na frente, olhar pra trás e dizer: o que eu não fiz lá atrás para chegarmos a essa situação de hoje em dia?” 

Ainda: ”Nada está perdido. Ponto final somente com a morte. Vamos vencer”. 

Em um ato no auditório da Câmara na noite de terça, dia 6, um grupo leu uma carta contra Lula e o STF. Foi convocado um ato para o dia 10 de dezembro, sábado, durante a leitura de uma carta aberta.

A coisa foi organizada por Carla Zambelli. Um pau mandado dela, Bismark Fabio Fugazza, do canal Hipócritas, pediu a prisão de Alexandre de Moraes.

“Caso não haja nenhuma manifestação do Senado Federal até a data de 7/12/2022, hoje, e do presidente da República ou das Forças Armadas até o dia 8/12/2022, nós, o povo, sob a égide da soberania que nos pertence passaremos a adotar medidas com impacto nacional e, dessa forma, estabelecemos a data de 10/12/2022 para a tomada de Brasília e a paralisação de todo o Brasil”, dizia um trecho da carta.

A versão brasileira da invasão do Capitólio está em curso. Bolsonaro sai da erisipela para apostar no caos.

Kiko Nogueira
Diretor do Diário do Centro do Mundo. Jornalista e músico. Foi fundador e diretor de redação da Revista Alfa; editor da Veja São Paulo; diretor de redação da Viagem e Turismo e do Guia Quatro Rodas.