Bolsonaro se considera inimputável como crianças e índios. Por Ricardo Kotscho

Atualizado em 9 de agosto de 2019 às 21:32
Jair Bolsonaro. Foto: Evaristo Sa/AFP

PUBLICADO NO BALAIO DO KOTSCHO

“Ser metódico não é sinônimo de estar correto. Especialmente quando se toma a decisão de dar uma banana para o resto do mundo” (Reinaldo Azevedo, na Folha).

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Não é normal o que está acontecendo no Brasil, embora nossas autoridades façam de conta que é.

O mundo inteiro já se deu conta de que somos governados por um doido de pedra que não tem limites nos seus desatinos.

Desde os anos 30 na Alemanha, não aparece tamanho perigo para o futuro, e não só de um país. Nossa civilização corre risco.

Vocês já devem imaginar de quem estou falando, mas nem sei mais o que dizer.

Recuso-me até a escrever seu nome como presidente da República do Brasil. Tenho vergonha.

Esse cidadão, que saiu dos porões do Exército e da Câmara, pensa que é inimputável, assim como as crianças e os índios, e vai atropelando tudo o que encontra pela frente, as leis, as pessoas, o meio ambiente e as instituições.

Ignorando solenemente a Constituição, em pouco mais de sete meses de governo, o inominável já deu um verdadeiro passeio pelo Código Penal, praticando crimes que poderiam levá-lo à prisão perpétua, mas nada lhe acontece.

Ou o povo brasileiro reage, e vai às ruas para dar um basta a essa ignomínia, ou iremos todos bovinamente para o matadouro.

O sujeito pensa que as urnas lhe deram um salvo-conduto e ele tem certeza de que pode tudo, sem prestar contas a ninguém, só porque, afinal, foi eleito.

Basta olhar para a cara assustadora dele e ouvir diariamente as barbaridades que fala, cada vez que encontra um microfone pela frente.

Em qualquer hospício, seria isolado dos demais pacientes. Aqui, desfila sua loucura por toda parte sempre cercado de um batalhão de seguranças e puxa-sacos, com os seus generais na retaguarda.

Até nos filmes do velho oeste, havia uma certa ordem no picadeiro. Juiz era juiz, xerife era xerife, bandoleiro era bandoleiro, os papéis não se misturavam.

De onde saiu, meu Deus, tanto ódio do capitão e seus fanáticos seguidores nas redes sociais contra uma população historicamente mansa?

Não contentes em deixar Lula preso, eles agora querem trucidá-lo e varrer do mapa quem ainda o defende, como o capitão prometeu durante a campanha eleitoral.

A cada dia, o grau de insanidade aumenta, a miséria e a violência se espalham e, em Brasília, os pais da pátria se abraçam e se beijam como se estivessem numa festa sem fim.

Já é tarde, mas ainda há tempo de lutarmos para salvar o que resta de soberania nacional e de cidadania.

As manifestações de protesto contra essa loucura, marcadas para a próxima terça-feira, em todo o país, podem ser um divisor de águas entre a civilização e a barbárie.

O capitão e seu desmoralizado xerife já convocaram a Força Nacional para a guerra contra os cidadãos desarmados, que querem apenas defender seus direitos e a democracia.

Ninguém mais pode se omitir diante desta tragédia em que o poder constituído se volta contra seu próprio povo.

Nossos filhos e netos não nos perdoarão se permanecermos em silêncio esperando a morte chegar.

Vamos todos defender a vida.

Vida que segue.