Bolsonaro se dedica a facilitar o óbito de milhares de brasileiros, diz entidade representante de profissionais de saúde

Atualizado em 12 de junho de 2020 às 18:02
Segundo a CNTS, o governo federal enviou aos Estados apenas 11% dos kits de UTI prometidos e entregou uma ninharia de respiradores. Construiu só um hospital de campanha. Foto: Marcelo Casall Jr/ABR

Publicado originalmente no site da Rede Brasil Atual (RBA)

A orientação de Jair Bolsonaro aos seus seguidores para “arranjarem um jeito de invadir hospitais” para checar a ocupação de leitos, dada em live na noite desta quinta-feira (11), causou muita indignação. Especialmente dos profissionais da saúde.

“Há dezenas de relatos todos os dias de pessoas que morrem por falta de UTI. O governo federal enviou aos Estados apenas 11% dos kits de UTI prometidos e entregou uma ninharia de respiradores. Construiu só um hospital de campanha. Todo esforço do Ministério da Saúde está concentrado em negar a gravidade da doença, o que transformou Bolsonaro num pária internacional, arrastando junto a reputação do país”, destacou em nota divulgada hoje (12) a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Saúde (CNTS).

Destacando que invadir hospitais é crime, a Confederação lembrou o fato Brasil ser o triste recordista mundial de profissionais de saúde e enfermagem mortos pelo novo coronavírus: 52% dos casos. De acordo com o Conselho Federal de Enfermagem – Cofen quase 17.500 enfermeiros, técnicos e auxiliares se infectaram, dos quais 161 morreram.

A entidade diz que o presidente errou desde o início, quando desdenhou e negou a pandemia, comportamento que mantém até hoje. Que usou todas as armas que tinha para pressionar governadores e prefeitos. E mais: que ele se dedicou a facilitar os óbitos de milhares de brasileiros não apenas por um negacionismo passivo, “mas lutando ativamente contra as medidas sanitárias, furando quarentenas e atacando duramente quem tenta salvar vidas.”

Destaca a indignação com mais uma tentativa de colocar ainda mais pessoas em risco, já que hospitais com portadores de covid-19 oferecem real possibilidade de contágio. Isso sem falar na violação da privacidade de pacientes e de toda a questão ética envolvida.

“O Brasil é o único lugar do mundo em que a autoridade máxima do país, que tem a responsabilidade de zelar pela população, a orienta a se expor e a expor os outros num ambiente hospitalar.”