Bolsonaro, seu ódio patológico contra a mulher e a reflexão que devemos fazer. Por Carlos Fernandes

Atualizado em 29 de junho de 2022 às 6:59
Jair Bolsonaro

À revelia de toda a sua área política, Jair Bolsonaro anunciou como seu vice na campanha para reeleição o General Braga Netto.

A notícia trouxe desânimo para a equipe que coordena sua candidatura porque é sabido até pelas carabinas das Forças Armadas que mais um militar na vice-presidência não agrega um único mísero voto para além do que ele já tem.

A esperança dos aliados era que o capitão abdicasse de sua tara reprimida de colocar um general do exército abaixo de sua patente civil e aceitasse uma companheira de chapa que pudesse dialogar com setores que ele possui altíssima rejeição.

Nesse contexto, Tereza Cristina, sua ex-ministra da agricultura, cairia como uma luva uma vez que poderia ajudar a reduzir a ojeriza que um ogro como Bolsonaro causa no público feminino, fatia imprescindível do eleitorado para quem se propõe a encarar uma disputa eleitoral.

O fato, portanto, do atual presidente – que precisa da reeleição como o diabo precisa do mal para sobreviver – descartar essa hipótese de forma tão peremptória ao ponto de sequer se prestar a dar qualquer satisfação a quem ainda o apoia, mais do que sinalizar que o núcleo bolsonarista abdicou de vez da estratégia política e investe no condicionamento militar, diz muito sobre o que pensa Bolsonaro sobre o papel da mulher não só na política, mas em todo e qualquer espaço público da sociedade.

Seja por obtusidade, machismo, misoginia, preconceito, insegurança ou o que quer que seja, o fato é que Jair Bolsonaro prefere por o seu próprio destino em risco a dar um lugar de destaque a uma mulher. Ainda que essa mesma mulher tenha se prestado a um papel de absoluta submissão durante todo o seu governo.

E independentemente dos fatores psicológicos que fazem com que o atual presidente tenha especial ódio por mulheres e homossexuais, a questão aqui de verdadeiro interesse público é o condicionamento psicológico que faz uma mulher ou um homossexual, por exemplo, apoiar Jair Bolsonaro mesmo após todo o desprezo que ele faz questão de deixar claro para com todos esses públicos.

Que um homem branco, hétero, rico, violento e burro apoie esse canalha é algo até fácil de se entender.

Mas que fatias significativas de setores diariamente oprimidos e ridicularizados pelo presidente ainda o apoiem, é algo que penso merecer um profundo estudo e reflexão por todos nós que fazemos política e disputamos os espaços necessários para a construção de uma país mais justo e igualitário para todos, minorias sobretudo.

Publicado originalmente no perfil de Carlos Fernandes

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