Bolsonaro só não destrói o Estado de vez porque depende de votos. Por Luis Felipe Miguel

Atualizado em 12 de agosto de 2020 às 21:32

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Por Luis Felipe Miguel

Bolsonaro assinando decreto que facilita o porte de armas

Para Bolsonaro ser o nosso Pinochet, como tantos de seus apoiadores sonhavam, e implantar o programa ultraliberal em toda a sua radicalidade, teria que destruir o que resta de democracia no Brasil. Quando se depende de voto, por pouco que seja, chega uma hora em que a destruição do Estado e das políticas sociais começa a pesar.

Bolsonaro ziguezagueia entre a necessidade de satisfazer seus grandes eleitores na burguesia e na mídia (voltou hoje a defender o congelamento dos gastos e as privatizações), a necessidade de comprar o Centrão e a necessidade de recompor uma base social. Não existe solução fácil para ele.

Cabe à oposição aproveitar esse momento e expor suas contradições e impossibilidades. Aqui, uma vez mais, a pretensa “frente ampla” expõe seus limites insuperáveis. A “oposição” dos que desejam a volta da fidelidade absoluta aos mantras de Guedes certamente não combina com a oposição que mostra que Bolsonaro é inerentemente incapaz de levar adiante um programa de desenvolvimento, inclusão social e soberania.