Muita atenção ao Datafolha: “37% dos brasileiros consideram o governo Bolsonaro ótimo ou bom, ante 32% que o achavam na pesquisa anterior, feita em 23 e 24 de junho”.
A lógica é cristalina: o auxílio emergencial atinge – segundo a Agência Brasil – 65,3 milhões de brasileiros. A mesma Agência informava, em junho de 2015, que o Bolsa Família chegava a 13,9 milhões de pessoas. O Auxílio distribui R$ 600 a cada um, enquanto o BF destinava um teto de R$ 190. Ignoro os motivos pelos quais o Bolsa Família não foi ampliado e majorado pelos governos petistas.
O IMPACTO DE DINHEIRO NO BOLSO é imediato na aprovação do governo. Daí minha quase certeza de que Bolsonaro fará tudo para prolongá-lo até o fim de seu mandato. Brigará com Guedes, furará o teto de gastos, mas não romperá com sua base social. Repito sempre: o capitão é tosco mas não é burro.
Bolsonaro não cometeu estelionato eleitoral. Quem mente para o eleitor e briga com seus apoiadores entra no corredor implacável do impeachment. E cai.
O mercado já mandou recados pela voz do ministro da Fazenda, de Rodrigo Maia, de David Alcolumbre e da mídia hegemônica de que não admite o desrespeito ao teto..
Bolsonaro decidirá se fica com eles ou com seus votos. Provavelmente queimará todas as estatais possíveis e imagináveis na pira implacável do financismo, mas manterá o auxílio e sua base.
HÁ ALGO MAIS: ACABOU A HISTÓRIA DE GOLPE. Bolsonaro está fazendo política, está negociando com o Centrão e quer tirar Maia do comando do Legislativo. Pode conseguir.
Se numa ponta rompe com arroubos golpistas, na outra Bolsonaro dissolve a pregação pelo impeachment, que curiosamente foi ventilado por Paulo Guedes, numa nada sutil ameaça da alta finança.
À oposição valeria mais a pena se concentrar no ponto em que Bolsonaro é mais fraco, no combate à doença. É meio tarde – o mundo político de todos os espectros naturalizou o desespero popular por mais de três meses -, mas é uma boa hora de se perceber que o brado “Fora Bolsonaro” tem apelo cadente.
A CONJUNTURA SE SOFISTICA. Apesar disso, ela não é imutável e Bolsonaro tem um embate sério dentro de seu próprio governo. É necessário mais do que nunca que os setores progressistas deixem de lado a vaidade de seus líderes e minudências estridentes e se concentrem nas dores do povo.
Não há mágica fora disso, me parece.