
Membros do Partido Liberal e demais aliados de Jair Bolsonaro avaliam que as recentes atitudes do ex-presidente revelam seu medo em relação ao processo no Supremo Tribunal Federal (STF), no qual ele é acusado de integrar uma organização criminosa que tentou um golpe de Estado.
Esse receio, segundo fontes próximas, pode levar Bolsonaro a apoiar o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), como seu sucessor na corrida presidencial de 2026. Esse movimento, em última instância, poderia resultar em uma anistia para os réus do 8 de janeiro de 2023, segundo o Estadão.
A Primeira Turma do STF aceitou na quarta-feira (26) a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) e tornou Bolsonaro réu por tentativa de golpe de Estado, ao lado de outros sete acusados. Enquanto publicamente o ex-presidente alega perseguição política, especialmente por parte do ministro Alexandre de Moraes, seus aliados percebem sinais de apreensão em suas ações.
A insistência em manter sua candidatura em 2026, mesmo inelegível por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), é vista como uma postura arriscada.
Nos bastidores, políticos tentam convencer Bolsonaro a anunciar um substituto ainda em 2024, mas ele resiste. Em entrevista ao podcast Inteligência Ltda. na última segunda (24), ao lado de Tarcísio, o ex-presidente foi enfático: “Eu não vou passar bastão para ninguém”, afirmou. “Eu só passo o bastão depois de morto”, completou.
? BOLSONARO PASSANDO O BASTÃO PARA O TARCÍSIO? pic.twitter.com/5NwmHXNb35
— Vox Liberdade (@VoxLiberdade) March 24, 2025
O principal obstáculo para Tarcísio assumir o lugar de Bolsonaro é a necessidade de se afastar do governo paulista em abril de 2026, o que limitaria sua estratégia.
Alguns membros do PL comparam a situação à de Lula em 2018, quando o petista manteve sua candidatura até o limite legal antes de indicar Fernando Haddad. Porém, a diferença é o risco de prisão: aliados acreditam que o medo de uma condenação irreversível pode fazer Bolsonaro recuar e endossar Tarcísio ainda este ano.
A queda de popularidade de Lula, registrada em pesquisas recentes, não tranquiliza o PL. Eles reconhecem que a máquina pública é um trunfo petista e veem Tarcísio como o nome mais preparado para enfrentar o atual presidente. Caso Bolsonaro seja preso, um eventual governo Tarcísio poderia conceder-lhe indulto, daí a urgência em articular uma anistia ampla.
A manifestação em Copacabana no dia 16 de março, centrada na defesa da anistia aos condenados do 8 de janeiro, foi vista como um erro por parte de assessores.
Dados da USP apontam apenas 18 mil presentes, e o tema, pouco mobilizador para o eleitorado geral, reforçou a percepção de que Bolsonaro prioriza sua própria sobrevivência política. “Muito menos pessoas vão sair às ruas para pedir perdão a depredadores”, disse, ao Estadão, um integrante do PL que evita o rótulo de “bolsonarista”.
Outro sinal de instabilidade foi a saída repentina do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) para os EUA, alegando perseguição do STF. Considerado um possível substituto do pai na disputa, seu afastamento pegou o partido de surpresa e deixou o cenário ainda mais incerto.
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