Disposto a romper o isolamento politico e institucional por conta das ilegalidades que comete todos os dias na pandemia do coronavírus, Bolsonaro decidiu fazer um aceno a um velho companheiro: foi a Goiás se encontrar com o governador Ronaldo Caiado e visitar um hospital de campanha instalado na cidade de Águas Lindas.
À tiracolo, levou o ministro Luiz Henrique Mandetta, indicado para a pasta da Saúde com o apoio do goiano.
Caiado, que é médico e humilhou o presidente obrigando que higienizasse as mãos com álcool gel antes de cumprimentá-lo, rompeu com Bolsonaro no mês passado, após ele chamar o coronavírus de “gripezinha” e incentivar a população a retomar suas rotinas, contrariando medidas de isolamento adotadas pelos estados e municípios.
“Quando se escuta uma declaração como essa, de dizer que isso é resfriadinho, é uma gripezinha… Respeito! Na política e na vida, a ignorância não é uma virtude”, disse o governador.
Velho representante da direita brasileira, ligado ao agronegócio, setor que sustenta o bolsonarismo, Caiado sempre foi um aliado de primeira hora de Bolsonaro.
Romper com ele não foi boa ideia, entendem os aliados do presidente.
Da mesma forma, eles se preocupam com a guerra fria que Bolsonaro trava com Mandetta por causa do distanciamento que isso pode resultar de outro reduto conservador, o DEM.
Bolsonaro tenta se movimentar para recuperar a interlocução política, mas não está fácil: tendo mais uma vez promovido aglomerações antes e após o encontro, quando circulou feito palhaço entre populares, foi de novo duramente criticado.
“Ele que deverá explicar esta situação. Esta posição não foi a minha. Ele é o presidente e eu sou o governador. A minha posição foi a que vocês acompanharam. Esta é a posição que manteremos até o dia 19”, afirmou o governador, garantindo as ações de isolamento para o enfrentamento da pandemia.
“Posso recomendar, não posso viver a vida das pessoas. Pessoas que fazem uma atitude dessas hoje daqui a pouco vão ser as mesmas que vão estar lamentando”, lamentou Mandetta.
Em política, Bolsonaro é o mesmo que um elefante visitando uma loja de cristais. Não tem como dar certo.