Bolsonaro tumultua a república e só há um jeito de detê-lo: impeachment. Por Joaquim de Carvalho

Atualizado em 26 de fevereiro de 2020 às 14:16

 

O presidente Jair Bolsonaro insulta jornalista da Folha em frente ao Palácio da Alvorada – Reprodução/TV Globo

Rodrigo Maia se posicionou sobre o ataque de Jair Bolsonaro às instituições democráticas.

“Criar tensão institucional não ajuda o País a evoluir. Somos nós, autoridades, que temos de dar o exemplo de respeito às instituições e à ordem constitucional. O Brasil precisa de paz e responsabilidade para progredir”, disse, por meio de sua conta no Twitter.

“Só a democracia é capaz de absorver sem violência as diferenças da sociedade e unir a Nação pelo diálogo. Acima de tudo e de todos está o respeito às instituições democráticas”, acrescentou, numa referência indireta ao slogan de campanha de Bolsonaro — “Brasil acima de tudo, Deus acima de todos.”

Bolsonaro, de maneira enviesada, confirmou que divulgou o vídeo de apoio às manifestações contra o Congresso Nacional.

“Tenho 35 Mi de seguidores em minhas mídias sociais, c/ notícias não divulgadas por parte da imprensa tradicional”, disse.

“No Whatsapp, algumas dezenas de amigos onde trocamos mensagens de cunho pessoal. Qualquer ilação fora desse contexto são tentativas rasteiras de tumultuar a República”, afirmou.

Ou seja, ele considerou de cunho pessoal seu ataque ao Poder Legislativo. Não é difícil concluir que quem está tumultuando a república é Bolsonaro.

O artigo 85 da Constituição é claro:

São crimes de responsabilidade os atos do Presidente da República que atentem contra a Constituição Federal e, especialmente, contra:

(…)

II – o livre exercício do Poder Legislativo, do Poder Judiciário, do Ministério Público e dos Poderes constitucionais das unidades da Federação;

(…)

A lei que define os crimes de responsabilidade, a 1.079/50, praticamente repete esse princípio constitucional e define como deve ser o processo de afastamento do presidente.

Muito além do Twitter, é esta a lei que Rodrigo Maia deve observar a partir de agora, quando a instituição que ele representa como presidente da Câmara está sendo constrangida a partir de uma ação do Palácio do Planalto.

Que Maia não se engane.

Bolsonaro nunca abandou o desejo de fechar o Congresso Nacional, como declarou anos atrás, em uma entrevista.

Em maio do ano passado, ele já havia estimulado manifestações contra o Congresso e o STF, mas, na ocasião, deu declarações ambíguas, que pareciam um recuo, e ficou tudo por isso mesmo.

Agora voltou a carga.

O deputado Alexandre Frota, ex-aliado, já decidiu que apresentará o pedido de impeachment. Está certo.

“Eu acabo de solicitar a uma junta de advogados que, diante dos fatos, ameaças e do disparo do vídeo do celular dele. Vou entrar com o impeachment, vou assinar. Bolsonaro prometeu que sempre lutaria pela democracia. Mentiroso. Ele está abrindo uma crise institucional”, afirmou.

Outros pedidos deverão surgir, mas a chance de que tenham algum êxito dependerão de manifestações de rua. Não só da vontade de Rodrigo Maia.

A oposição já está preparando o primeiro ato para o dia 8. Faz bem.

É na rua que o brasileiro vai defender a democracia e colocar limite em Bolsonaro. Melhor será se ele for tirado da vida pública, juntamente com seus filhos e cúmplices.

O Brasil não merece uma República de Milicianos.