
O ex-presidente Jair Bolsonaro avalia, junto a aliados e advogados, se comparecerá presencialmente ao julgamento da trama golpista no Supremo Tribunal Federal (STF), marcado para começar em 2 de setembro. Ele confidenciou a pessoas próximas que gostaria de estar na corte em algumas sessões, como forma de encarar os ministros que considera seus algozes, segundo a Folha de S.Paulo.
A decisão ainda depende de cálculos políticos, da orientação da defesa e de sua condição de saúde. A presença de Bolsonaro na Corte é vista por aliados como uma estratégia para demonstrar força em um processo que pode condená-lo a mais de 40 anos de prisão por tentativa de golpe de Estado.
A ideia, segundo esse grupo, não seria acompanhar todo o julgamento, que deve durar duas semanas, mas marcar presença no primeiro e no último dia. Como está em prisão domiciliar, ele precisaria de autorização do relator Alexandre de Moraes para comparecer.
A saúde de Bolsonaro preocupa. Segundo relatos, ele tem enfrentado crises de soluço acompanhadas de vômitos, o que poderia dificultar sua permanência em sessões longas do STF. O boletim médico mais recente apontou tratamento para hipertensão, refluxo e medidas preventivas contra broncoaspiração. Essas questões têm pesado na decisão final.
A experiência de março, quando Bolsonaro surpreendeu ao comparecer à sessão em que o tribunal recebeu a denúncia contra ele, também serve de parâmetro. Na ocasião, ele se sentou na primeira fila e, dias depois, se tornou réu no processo.

O gesto foi comparado à estratégia de Donald Trump nos Estados Unidos, que se apresentou pessoalmente em julgamentos penais, onde a presença é obrigatória. No Brasil, essa decisão é opcional.
Caso não vá ao Supremo, Bolsonaro assistirá às sessões de casa, em sua prisão domiciliar em Brasília, onde vive com Michelle Bolsonaro, a filha Laura e a enteada Letícia. Seus filhos têm livre acesso ao local, e o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) costuma visitá-lo diariamente.
Pessoas próximas relatam que o ex-presidente está irritado, sente-se injustiçado e vive dias de tensão crescente à medida que se aproxima a data do julgamento.
As visitas à residência estão restritas a uma por dia e precisam de autorização de Moraes. Apenas familiares diretos podem entrar sem solicitação prévia. O ex-presidente tem tentado conversar com lideranças do PL, como Valdemar Costa Neto e Sóstenes Cavalcante, mas aliados reclamam da demora nas respostas do ministro a esses pedidos.
O cenário se agrava com o indiciamento recente do ex-presidente e de seu filho, Eduardo Bolsonaro (PL-SP), pela Polícia Federal, sob suspeita de obstrução do julgamento. O relatório trouxe à tona mensagens entre os dois e o pastor Silas Malafaia, expondo discussões e xingamentos.