Bolsonaros se complicam, mas parece que Moro vive em Marte. Por Kennedy Alencar

Atualizado em 21 de dezembro de 2019 às 17:23
O ministro Sergio Moro e o presidente Jair Bolsonaro – Evaristo Sá/AFP

Publicado originalmente no blog do autor

Por Kennedy Alencar

São fortes as evidências de que Flávio Bolsonaro lavou dinheiro com sua loja de chocolates, por meio de conta de miliciano e compra de imóveis. A investigação do Ministério Público sobre o caso Queiroz vai mesmo dar problema para o presidente Jair Bolsonaro e o filho senador.

Bastou o Supremo Tribunal Federal liberar a investigação para que viessem público as evidências da rachadinha praticada pelo então deputado estadual Flávio Bolsonaro e Fabrício Queiroz, antigo homem da confiança do presidente da República.

O Ministério Público do Rio de Janeiro suspeita que Queiroz seja um caixa informal da família Bolsonaro.

Nesse ambiente, o ministro da Justiça, Sergio Moro, tem dito a interlocutores que não houve em 2019 caso de corrupção relacionado ao governo, como informou a coluna “Radar”, da revista “Veja”.

Moro não habita a Terra. Parece que vive em Marte.

Fugindo do essencial

O presidente da República adota estratégia diversionista para tirar do foco as acusações de corrupção contra o filho e ele próprio. É Jair Bolsonaro quem tem a ligação mais antiga com Queiroz na sua família.

Bolsonaro também dá corda à teoria de que o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, quer tirá-lo do páreo presidencial com investigações do Ministério Público sobre Flávio e com apurações da Polícia Civil a respeito da eventual participação de Carlos Bolsonaro no caso Marielle.

Ora, pode haver desavença política, mas o que importa é a consistência das provas que venham a ser apuradas tanto pelo Ministério Público como pela polícia.

Ruim de serviço

O ministro da Economia, Paulo Guedes, fez mais uma trapalhada com a tentativa de emplacar uma CPMF disfarçada ao defender um imposto sobre transações financeiras digitais.

Como se diz em Minas Gerais, esperteza quando é demais acaba engolindo o dono. A arrogância de Guedes leva o ministro a achar que pode iludir o país. Mas o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, furou o balão de ensaio do ministro da Fazenda.

O episódio mostra despreparo de Guedes, que está perdendo credibilidade com sua usina de balões de ensaio. Promete e não entrega.

Mais um absurdo

Defender criação de gado em terra indígena para baixar o preço da carne é um despropósito, mas funciona como estratégia diversionista para desviar o foco do caso Queiroz. O presidente falou uma besteira que vai prejudicar os exportadores e abalar ainda mais a imagem internacional do Brasil. Bolsonaro estimula desmatadores com esse tipo de declaração. Ele reforça a percepção de que é um destruidor do meio ambiente.

Em breve, Donald Trump vai dar uma mão a Bolsonaro. Ao fechar acordo com a China, os EUA vão competir com o Brasil no mercado de carne. Aí o preço poderá cair aqui.

Pastoral americana

Aprovado o impeachment de Donald Trump pela Câmara dos Deputados dos Estados Unidos, a batalha decisiva será no Senado. Os democratas querem desgastar o presidente a fim de diminuir sua chance de reeleição.

Trump crê que poderá ser um tiro pela culatra, porque a economia está bem e o Senado com maioria republicana deverá absolvê-lo. Essa briga será um dos grandes temas de 2020.