O desastre de Temer na área da comunicação se traduz e se resume nele mesmo.
Apesar de contar com uma imprensa amiga para fazer “propaganda” de sua vilegiatura, ele consegue errar fenomenalmente no combinado.
Para os acertos e erratas, graças a Javé, conta com a mesma mídia.
No churrasco do Roda Viva, Temer dissertou sobre uma eventual prisão de Lula.
Isso traria, segundo ele, “problema”. “Não para o governo, mas para o país”, acrescentou.
“Porque haverá evidentemente movimentos sociais. Toda vez que você tem um movimento social de contestação, especialmente de uma decisão do Judiciário, isso pode criar uma instabilidade”.
Poderia criar “instabilidade”: “É um ex-presidente, foi presidente duas vezes, pode criar problemas não tenho dúvida disso”.
Michel foi criticado pelos sócios que esperavam que ele fosse, digamos, mais agressivo. Para ficar num exemplo, o sempre pilhado José Nêumanne Pinto, editorialista do Estadão, acusou-o de estar na presidência “a passeio”, de ser um “calouro” e que “pisou na bola”.
Michel usou a coluna de Josias de Souza, no Uol, para “esclarecer” seu ponto — como se não tivesse sido claro.
Numa segunda chamada, não decepcionou e entregou o que esperavam. “Se a prisão vier depois de uma condenação, não haverá o que objetar”, disse a Josias, que também o havia criticado.
Desta vez, o valente MT não decepcionou. “Evidentemente, se lá para a frente houver uma condenação judicial e Lula for detido em função dessa condenação, acabou”, declarou.
Mais:
O repórter [isto é, o próprio autor, mais ou menos como tem o Edson e tem o Pelé] perguntou ao presidente se ele receberia com naturalidade a prisão de Lula como resultado de uma sentença condenatória do juiz Sergio Moro, ratificada pela segunda instância do Judiciário. E Temer: “Claro que sim. Convenhamos, sendo da área jurídica eu jamais me atreveria a dizer que alguém condenado não pode ser preso. Se a prisão vier depois de uma condenação, não haverá o que objetar. Nem poderia.”
Pronto. Parabéns ao nosso meninão!
Temer já havia utilizado Josias para avisar que telefonara a Faustão depois que o apresentador o desancou num domingo.
É o casamento da incompetência administrativa com a fraqueza de caráter. Um boneco de ventríloquo, especialista em dar jantares. Só muda o dono do boneco.
Uma vez decorativo, sempre decorativo.