Booking.com é alvo de processo movido por mais de 10 mil hotéis; entenda

Atualizado em 5 de agosto de 2025 às 19:07
Aplicativo da Booking.com. Foto: reprodução

Uma coalizão de mais de 10 mil estabelecimentos hoteleiros em toda a Europa está se unindo em uma ação judicial sem precedentes contra a Booking.com.

O movimento, que conta com o apoio da Associação de Hotéis, Restaurantes e Cafés da Europa (HOTREC) e 30 associações nacionais, acusa a plataforma de reservas de impor condições abusivas ao setor durante duas décadas. O cerne da disputa está na polêmica cláusula de “melhor preço” que a Booking.com manteve em vigor até 2024.

A prática, que proibia os hotéis de oferecer tarifas mais baixas em seus próprios sites do que as publicadas na plataforma, foi declarada ilegal pelo Tribunal de Justiça Europeu em setembro passado. A decisão judicial histórica levou a empresa a abandonar finalmente a cláusula, mas não antes de causar, segundo os hoteleiros, prejuízos significativos ao setor entre 2004 e 2024.

Alexandros Vassilikos, presidente da HOTREC, foi enfático: “Os hoteleiros europeus sofrem há muito tempo com condições injustas e custos excessivos. Esta iniciativa conjunta envia uma mensagem clara: práticas abusivas no mercado digital não serão toleradas pelo setor hoteleiro na Europa”.

Fachada do prédio da Booking.com em Amsterdã. Foto: reprodução

A ação judicial, que será movida em um tribunal de Amsterdã, sede da Booking.com, busca indenizações pelos supostos danos causados pela política comercial da plataforma.

A empresa, por sua vez, afirmou não ter recebido nenhuma notificação oficial sobre o processo e rejeitou os argumentos jurídicos apresentados pelas associações hoteleiras, mantendo sua posição de que sempre operou dentro da legalidade.

O conflito revela a tensão crescente entre o setor hoteleiro tradicional e as plataformas digitais de reservas. Dados de um estudo recente encomendado pela HOTREC mostram que a Booking.com detém impressionantes 70% do mercado de agências de viagem online na Europa.

Essa dominância é particularmente sentida pelos pequenos estabelecimentos com menos de 20 quartos, que dependem fortemente da plataforma para atrair hóspedes.

Embora as reservas diretas ainda representem 51% das diárias vendidas, a tendência preocupa os hoteleiros. Nos últimos dez anos, esse percentual caiu sete pontos percentuais, enquanto a participação das plataformas online no mercado só fez crescer. A pandemia de COVID-19, que acelerou a digitalização do setor, parece ter intensificado essa dependência, criando o cenário perfeito para a atual mobilização dos estabelecimentos hoteleiros.