Boulos cita caso em que Nunes parou na delegacia após tiros em balada; entenda

Atualizado em 20 de outubro de 2024 às 5:27
Ricardo Nunes e Guilherme Boulos em debate na Record

No debate da Record, Guiherme Boulos (PSOL) citou o caso em que seu adversário Ricardo Nunes (MDB), deu tiros numa boate.

Era já alta madrugada de segunda-feira quando um policial civil, atuando como segurança temporário na casa noturna Caipirão em Embu das Artes, Grande São Paulo, percebeu um disparo no estacionamento. Ele deixou o carro onde estava para investigar a origem do barulho e encontrou, próximo à entrada do local, Ricardo Nunes (MDB) segurando uma pistola calibre 380.

O incidente ocorreu em 23 de setembro de 1996, época em que o atual prefeito de São Paulo, então com 28 anos, era apenas um empresário solteiro. A história, até então desconhecida pelos moradores de São Paulo, veio à tona apenas em 2020, quando Nunes concorreu e foi eleito vice-prefeito, e o registro deste episódio constava em sua certidão de antecedentes criminais apresentada à Justiça Eleitoral. O portal Metrópoles teve acesso ao processo e revelou esse episódio peculiar na carreira política do emedebista.

Em frente ao Caipirão, o policial conduziu Nunes à delegacia de Embu às 3 da manhã, sob acusação de portar uma arma sem licença e efetuar disparos em local público, infrações consideradas contravenções penais na época. O proprietário da pistola, que estava com o prefeito, fugiu durante a abordagem.

Na delegacia, o policial declarou que, ao investigar o som do disparo, viu Nunes com a pistola em mãos, fazendo um novo tiro, enquanto outra pessoa fugia. Nunes, por sua vez, apresentou uma versão divergente, negando ter efetuado o disparo.

Conforme o termo circunstanciado acessado pelo Metrópoles, Nunes afirmou que estava com um amigo, Marcio Gonzales Garcia, que tentou manusear a pistola dentro do carro e acidentalmente disparou. Segundo ele, o policial retirou a arma de debaixo do tapete do lado do passageiro, local onde estava escondida.

A arma estava registrada em nome de Garcia, conhecido pelo apelido “Bexiga”. À autoridade policial, Nunes relatou que Garcia deixou o local após o disparo e não compareceu à delegacia, alegando que o policial não o havia convocado para prestar esclarecimentos. Após assinar o termo circunstanciado, Nunes foi liberado.

Embora na época os atos de portar arma sem licença e disparar em público fossem apenas contravenções, em junho de 1997, a promotora Silvia Tomaz Lourenço Moreno de Oliveira denunciou Nunes por violar os artigos 19 e 28 da Lei das Contravenções Penais. O prefeito se tornou réu e seu julgamento estava marcado para aquele ano.

Em 20 de outubro de 1997, na 2ª Vara de Embu, a promotora propôs uma transação penal, um acordo que permite ao acusado aceitar uma pena alternativa para encerrar o processo. Nunes aceitou e doou o equivalente a R$ 120 em canecas plásticas ao serviço social de Itapecerica da Serra. No dia 19 de agosto de 1998, a juíza Bárbara Hinderberger Cardoso de Almeida arquivou o processo após Nunes comprovar a compra das canecas.

Até hoje, Garcia, o proprietário da pistola, nunca foi interrogado sobre o incidente. Ele possui uma empresa de construção na zona sul, e o Metrópoles não conseguiu localizá-lo para comentários.