Boulos dá invertida em Castro após ser chamado de “paspalhão” pelo governador

Atualizado em 9 de novembro de 2025 às 19:30
Cláudio Castro e Guilherme Boulos. Foto: reprodução

O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), e o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Guilherme Boulos (PSOL), protagonizaram uma troca de ataques neste fim de semana após declarações divergentes sobre a chacina policial que deixou 121 mortos na capital fluminense no fim de outubro. O embate começou com críticas de Boulos à letalidade da ação e terminou com provocações pessoais nas redes sociais.

Durante uma agenda em São Paulo no sábado (8), Boulos acusou governadores aliados de Jair Bolsonaro, incluindo Castro, de fazerem “demagogia com sangue”.

A fala foi uma reação às manifestações de apoio à operação que mobilizou forças estaduais e federais nas comunidades da Penha e do Alemão, e que resultou em centenas de mortos, incluindo quatro policiais. “Eles tentam capitalizar politicamente em cima de uma tragédia humana. Isso é demagogia com sangue”, afirmou o ministro.

Questionado por jornalistas sobre a crítica, Castro respondeu de forma direta e ofensiva. “Esse é um paspalhão”, declarou o governador, evitando comentar o conteúdo da fala do ministro.

Poucas horas depois, Boulos reagiu nas redes sociais com ironia, citando o deputado estadual TH Joias (MDB), preso recentemente pela Polícia Federal sob acusação de ligação com a facção criminosa Comando Vermelho. O parlamentar, que fazia parte da base aliada de Castro na Assembleia Legislativa, aparecia em diversas fotos ao lado do governador.

“Vou dar um desconto. Ele (Castro) deve estar muito angustiado com o avanço das investigações depois da prisão do seu parceiro TH Joias”, escreveu Boulos em seu perfil na rede X. A operação também levou à prisão de Alessandro Pitombeira Carracena, ex-subsecretário da Defesa do Consumidor e ex-integrante do governo Castro.

O episódio ocorre em meio a uma série de desdobramentos políticos e judiciais após a operação no Rio, considerada a mais letal da história do estado. As investigações ainda apuram denúncias de abusos cometidos por agentes de segurança durante a ação, que teve como alvo o tráfico de drogas nas comunidades do Complexo da Penha e do Alemão.

Em outro trecho de sua fala em São Paulo, Boulos defendeu que o enfrentamento ao crime organizado seja feito de forma estruturada e com foco em grandes organizações, não em ações pontuais que atingem majoritariamente a população pobre.

“A gente acredita que o combate ao crime tem que fazer da maneira correta, como a Operação Carbono Oculto, da Polícia Federal, para pegar o peixe grande, não o bagrinho. O peixe grande está na Avenida Faria Lima, não na favela”, afirmou o ministro.

Ele lembrou ainda que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) propôs medidas concretas para o tema, como a PEC da Segurança Pública e o Projeto de Lei Antifacção, ambos em tramitação no Congresso. “Foi o presidente Lula quem tomou a iniciativa de buscar soluções efetivas, e não de apostar em discursos fáceis e operações midiáticas”, disse.

Castro, por sua vez, voltou a defender a ação das forças de segurança. Para ele, a megaoperação representou o início de uma nova estratégia de enfrentamento ao crime. “O que aconteceu no Rio não foi uma operação, foi o início de um movimento, onde os cidadãos desses estados e do Brasil todo não aguentam mais essa criminalidade”, declarou.

Augusto de Sousa
Augusto de Sousa, 31 anos. É formado em jornalismo e atua como repórter do DCM desde de 2023. Andreense, apaixonado por futebol, frequentador assíduo de estádios e tem sempre um trocadilho de qualidade duvidosa na ponta da língua.