“Boulos não é o nome ideal porque seu discurso é prolongamento do petismo”, diz pré-candidato do PSOL à presidência

Atualizado em 21 de fevereiro de 2018 às 16:16
Guilherme Boulos. Foto: Mídia Ninja

POR RENAN ANTUNES DE OLIVEIRA

Não é tão simples nem garantida a presença do líder do MTST Guilherme Boulos na chapa do PSOL à presidência – embora o nome já apareça até nas pesquisas eleitorais, ele nem sequer está filiado ao partido.

A crítica ao nome dele vem de dentro do partido.

Segundo o professor de Economia e pré-candidato Nildo Ouriques, “Boulos não é o candidato ideal do PSOL porque seu discurso é um prolongamento do petismo. Ora, o PSOL nasceu crítico das práticas petistas”.

Ouriques, de 59 anos, representa uma alternativa da militância que não ficou satisfeita com a decisão do congresso do partido (realizada em dezembro) que ofereceu a vaga a Boulos – o líder do MTST ainda não disse se aceita a vaga.

Ourique diz que “o processo foi mal conduzido porque a maioria (dos delegados) que tomou a decisão no congresso do partido foi eleita antes de outubro,  quando Chico Alencar era o candidato de consenso do partido – naquele momento, apenas eu era pré-candidato”.

Segundo Ouriques, “isso significa que quando Chico Alencar optou por uma candidatura ao Senado, os delegados teriam que rediscutir tudo, e não engolir a candidatura Boulos, cujo nome surgiu de cima para baixo”.

PRÓXIMO PASSO

O PSOL marcou sua conferência eleitoral para 10 de março.

Ouriques reclama: “Esta será a primeira vez que Boulos vai falar para os delegados. É como cair de pára-quedas”.

Ouriques disse que “de maneira solitária, apesar de ser o único pré candidato então, sugeri que o partido realizasse prévias. Depois, no congresso de Goiânia, nós e duas tendências do partido, a Esquerda Marxista e a LRP, novamente defendemos a realização de prévias”.

Nildo Ouriques

O que há de errado neste convite ?

“Em tese, nada errado, exceto que ele não está no partido e, para aceitar o convite, ele pediu tempo  para ouvir suas bases no  MTST. Por que ele valoriza as bases do MTST e não aceita uma decisão das bases do PSOL através de prévias”?

“No dia 28, Boulos teria teria uma oportunidade de participar de um debate entre os pré candidatos, num encontro no Rio, mas ele fugiu da raia”, afirma Ouriques.

TRAMPOLIM

Ouriques vê uma dúvida essencial na figura de Boulos: “Ele até agora não explicou, já que nem está filiado, é se vai fazer uso do PSOL exclusivamente para ser candidato ou se vai ficar e ajudar na construção do partido”.

O economista reclama da imagem do companheiro: “O PSOL nasceu como superação do programa e da miséria moral do petismo. Boulos tem uma imagem excessivamente associada ao fracasso histórico do PT.  O que ele representa não é a ruptura, é um resgate inoportuno do petismo. Este discurso não unifica o partido, num momento de campanha em que a unidade é particularmente importante”.

Ademais, “a crise atual exige o fim do discurso ambíguo. É nossa função dizer claramente que Lula e Dilma são co-responsáveis pela crise econômica do país e também pela corrupção do sistema político. Não podemos faltar com a verdade sobre questões essenciais da vida política nacional.”