
O PMDB terá candidato a presidente em 2018, com apoio de Michel Temer, e o nome desse candidato é João Doria.
É o que indicou o homem de confiança de Temer no Estado, Arlon Viana, em dois tuítes postados depois da visita de Temer a Doria, na prefeitura de São Paulo.
“PMDB terá candidato…”, diz um um deles.
O outro tuíte arremata: “Doria e PMDB na vitrine”.
Viana foi chefe do escritório de Temer em São Paulo e tesoureiro do PMDB paulista. Hoje, é assessor especial da presidência da República.
Em 2014, Michel Temer escalou Vianna para serviços particulares: selecionar os profissionais para trabalhar em uma reforma na casa de Norma Tedesco, sogra de Michel Temer. À época, Arlon Vianna era assessor da Vice-presidência.
Arlon foi o responsável pela indicação de profissionais para a pintura, limpeza e reparos no imóvel alugado.
Na campanha de 2014, mostrou que é pau para outras obras.
Minou a campanha da candidata do PMDB, Marta, com mensagens no Facebook. Uma delas:
“A candidata Marta deturpa os fatos. O governo federal nunca disse que vai aumentar a carga horária do trabalhador”.
Outra: “Lamento que a candidata Marta tenha entrado nesse papo furado”.
Arlon Viana ainda previu: “Se voto útil for contra Marta, ela deverá terminar o primeiro turno em 4° lugar! Eu disse se for!!!!”.
Não deu outra. Marta foi a quarta colocada, numa campanha em que os peemedebistas ligados a Temer cruzaram os braços.
Quando Arlon se manifesta, o entorno político de Temer em São Paulo sabe que é um recado do chefe.
O prefeito Zé Maria, de Itirapina, foi recebido por Arlon em dezembro do ano passado e registrou em sua página no Facebook:
“Estive em São Paulo numa reunião com Arlon Viana, Chefe de Gabinete Regional de São Paulo do Gabinete Pessoal do Presidente da República, Michel Temer”.
O prefeito registra a lista de reivindicações e a convicção de que Arlon encaminhará os pedidos:
“Todos esses pleitos serão encaminhados pelo Senhor Arlon Viana aos órgãos competentes para as devidas análises, visando as possibilidades de serem atendidos no decorrer do ano de 2017”.

Doria e Temer têm pontos em comum, além dos serviços de Arlon.
Um deles, revelado pelo DCM, é o advogado Nélson Willians, em cujo avião Doria iniciou seu giro de pré-campanha pelo Brasil.
Willians se disse amigo e advogado do prefeito de São Paulo.
No governo Temer, Willians conseguiu dois contratos milionários, um deles sem licitação: a arbitragem de uma causa bilionária do porto de Santos, antigo feudo político de Temer, pela qual receberá 1% do valor da causa, o equivalente hoje a 23 milhões de reais.
O outro contrato é de serviço jurídico para o Banco do Brasil. Nesse contrato, houve licitação, mas Nélson Williams foi acusado de fraude para inflar o número de advogados de seu escritório e o número de filiais, itens que somavam pontos no processo de escolha pelo Banco do Brasil.
O preço político da aliança de Temer com Doria é a intenção de Geraldo Alckmin de se candidatar a presidente.
Doria tenta contornar o obstáculo a seu modo.
No Dia dos Pais – uma data que é dolorosa para o governador de São Paulo, já que perdeu o filho caçula há pouco tempo em um acidente de helicóptero —, Doria foi ao Palácio dos Bandeirantes e gravou um vídeo para “reafirmar lealdade” a Alckmin.
No dia seguinte, foi recebido em Palmas com faixas e claque de candidato a presidente.