Braga Netto e Ramos moraram em condomínio onde ocorreu encontro golpista

Atualizado em 12 de fevereiro de 2024 às 9:03
Walter Braga Netto e Luiz Eduardo Ramos. Foto: Reprodução

Os generais Walter Braga Netto e Luiz Eduardo Ramos, ex-ministros de Jair Bolsonaro (PL), eram residentes do edifício onde, conforme a Polícia Federal, ocorreu uma das reuniões com teor golpista após a vitória de Lula (PT) nas eleições presidenciais.

De acordo com a PF, em 12 de novembro de 2022, o major Rafael Martins de Oliveira, detido na última quinta (8), participou de uma reunião no bloco B da quadra 112 Sul, em Brasília, com o tenente-coronel Mauro Cid e outros militares sob investigação para debater uma “estratégia golpista”.

A instituição declara que no local “encontra-se um prédio residencial frequentado por vários militares que faziam parte do governo do então presidente Jair Bolsonaro”. Residentes da quadra afirmam que Braga Netto e Ramos deixaram o edifício entre o final de 2022 e o começo de 2023.

Ramos não foi alvo da operação de quinta-feira, chamada de Tempus Veritatis (que significa “Hora da Verdade” em latim). Durante a administração Bolsonaro, o general ocupou os cargos de ministro-chefe da Casa Civil e da Secretaria de Governo.

Ele disse que nunca teve conhecimento nem participou de qualquer reunião para discutir estratégias golpistas, pois seus princípios “não estão alinhados com isso”. Ramos informou que residiu no imóvel funcional de julho de 2019 até o início de 2023.

“Embora morando no mesmo bloco que o general Braga Netto, em andares distintos, não estive presente em nenhuma reunião em seu apartamento sobre o tema mencionado na matéria. Jamais soube ou participei de qualquer encontro que tratasse de estratégias golpistas, pois meus valores não estão em sintonia com isso”, declarou.

Já o general Braga Netto, sujeito a mandados de busca e apreensão na quinta-feira, é citado em dois grupos pela PF: o responsável por instigar militares a aderir ao golpe de estado e o dos oficiais de alta patente que apoiam outros grupos.

Bolsonaro e Braga Netto. Foto: Reprodução

Braga Netto, ex-ministro da Defesa e da Casa Civil, também foi candidato a vice-presidente na chapa de Bolsonaro nas últimas eleições. A reportagem procurou-o por meio de sua assessoria de imprensa, porém não houve resposta.

Em uma conversa de WhatsApp transcrita pela PF, Cid sugere, em 12 de novembro de 2022, que Rafael o encontre no Palácio da Alvorada ou no bloco B da 112 Sul: “Ou vá lá pro Alvorada, tá, que eu tô lá, que tô chegando lá. Ou vai pra 112 Sul, bloco B, a gente se encontra lá. O que for melhor pra vocês aí”.

O major, conhecido como Joe, responde: “Opa. Blz. Vamos para a 112”. Cerca de 45 minutos depois, ele completa: “Já estamos aqui”.

Na decisão que permitiu a operação deflagrada na quinta, o ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), afirma que o major Rafael Martins de Oliveira integrava o “núcleo operacional de apoio às ações golpistas”.

O major foi preso preventivamente na quinta em Niterói, região metropolitana do Rio de Janeiro. Ele fazia parte das Forças Especiais, uma unidade de elite do Exército conhecida como “kids pretos”, por causa da boina preta usada pelos membros.

A PF afirma que existem fortes indícios de que o major tenha recrutado integrantes dos “kids pretos” para “subverter o Estado democrático de Direito” e orientou manifestantes para alvos de interesse, como o STF e o Congresso Nacional.

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