Braga Netto nega ao STF plano para matar Lula e Moraes e recusa entrega de dinheiro a Cid

Atualizado em 14 de agosto de 2025 às 10:17
O general da reserva e ex-ministro da Defesa Walter Braga Netto durante julgamento no STF sobre a trama golpista. Foto: Reprodução

O general da reserva e ex-ministro da Defesa Walter Braga Netto afirmou, em alegações finais enviadas ao Supremo Tribunal Federal (STF), que não participou do chamado “Punhal Verde Amarelo” — apontado como plano para matar o presidente Lula (PT) e o ministro Alexandre de Moraes, conforme informações do G1.

O militar, que é réu no processo que investiga a tentativa de golpe de Estado, também disse que jamais entregou dinheiro ao tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL).

Segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR), um encontro na casa de Braga Netto e a suposta entrega de dinheiro estariam ligados ao “Punhal Verde Amarelo”, classificado como parte de um plano golpista. A defesa, porém, contesta a existência de qualquer envolvimento do general com o documento e questiona seu próprio caráter de plano.

“O tal documento sequer pode ser chamado de plano, pois não define nenhuma espécie de objetivo concreto. Cita diversos alvos (‘Jeca, Joca, Juca…’) e não define ação específica (tiro, envenenamento, uso de química, artefato explosivo…)”, afirmam os advogados, que ironizam: “Se o ‘Punhal Verde Amarelo’ não pode ser classificado como plano, também não se pode chamar ‘Copa 2022’ como uma operação de execução”.

Sobre a acusação de repasse de dinheiro, a defesa diz que a versão só surgiu após suposta “coação” contra Mauro Cid, que, segundo o documento, chegou a apresentar datas diferentes para o episódio: uma semana após 12 de novembro, duas semanas depois, antes de 6 de dezembro, no próprio dia 6 ou no dia 9 daquele mês.

“O general Braga Netto nunca entregou dinheiro para ninguém e condená-lo com base apenas na palavra confusa de um delator é atentar contra o princípio fundamental da presunção de inocência”, diz o texto.

Nas alegações finais, os advogados pedem a absolvição por falta de provas ou, alternativamente, a anulação do processo desde o início, alegando nulidades, uso de provas ilícitas, suspeição do relator e problemas na delação de Mauro Cid, que, segundo a defesa, teria sido obtida sem a anuência da PGR.

O ex-presidente Jair Bolsonaro cumprimenta o tenente-coronel Mauro Cid durante interrogatório no STF. Foto: Ton Molina