Brasil aguarda divulgação de vídeo em que Bolsonaro tenta influir na PF

Atualizado em 18 de maio de 2020 às 21:53
O presidente Jair Bolsonaro durante oração em culto evangélico
Imagem: Sérgio Lima – 5.jan.2020/AFP

Publicado originalmente pela Rede Brasil Atual:

O decano do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Celso de Mello, pode decidir a qualquer momento a divulgação, ou não, de um vídeo supostamente comprometedor contra o presidente Jair Bolsonaro. O vídeo é o registro de uma reunião ministerial realizada em 22 de abril, apontado pelo ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sergio Moro como prova de crime do presidente.

Ao deixar seu cargo, o ex-ministro denunciou Bolsonaro por tentar influenciar na Polícia Federal em benefício próprio. Na ocasião, o presidente teria cobrado a troca da superintendência da instituição no Rio de Janeiro, que investiga possíveis crimes de um de seus filhos, o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ).

Celso de Mello, relator do caso, defende celeridade na investigação e a necessidade de tornar públicos atos do presidente. Em nota divulgada pelo STF, ele informou que começaria a assistir o vídeo ainda hoje, após receber um pen drive de uma equipe da Polícia Federal. E disse que iria liberar sua decisão até sexta-feira (22), “talvez antes”.

Possibilidades

São três possibilidades sobre o caso. A primeira é a não divulgação de nenhum trecho da reunião ministerial; a segunda, defendida por Moro, é a divulgação completa, para que a sociedade compreenda o contexto das falas de Bolsonaro; a terceira, defendida pela Advocacia-Geral da União e pelo próprio presidente, é a divulgação apenas de trechos em que Bolsonaro fala sobre a Polícia Federal.

A defesa de Moro argumenta que o vídeo é a prova concreta de que Bolsonaro pressionou para intervir na PF, e que o político fez as cobranças com um tom autoritário. Para o ex-ministro, caso Celso de Mello libere apenas trechos, as falas do presidente podem ser descontextualizadas, o que prejudicaria uma avaliação correta dos possíveis crimes cometidos.