Brasil, Canadá, México…: Como os ataques de Trump fortalecem líderes ao redor do mundo

Atualizado em 8 de julho de 2025 às 7:34
Donald Trump

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, defendeu Jair Bolsonaro (PL), réu por tentativa de golpe de Estado, e afirmou que o Brasil está cometendo “uma coisa terrível” contra o ex-mandatário.

“Eu e o mundo temos assistido como eles têm ido atrás de Bolsonaro dia a dia, noite a noite, mês a mês, ano a ano! Ele não é culpado de nada, exceto de ter lutado pelo povo. Eu conheci Jair Bolsonaro, e ele foi um líder forte que amava seu país”, publicou Trump nas redes sociais na segunda-feira (7).

A manifestação provocou uma resposta imediata do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O Planalto divulgou uma nota oficial destacando que “a defesa da democracia no Brasil é um tema que compete aos brasileiros. Somos um país soberano. Não aceitamos interferência ou tutela de quem quer que seja. Possuímos instituições sólidas e independentes. Ninguém está acima da lei. Sobretudo, os que atentam contra a liberdade e o estado de direito”.

Enquanto tenta se posicionar como figura central nas disputas internacionais, Trump tem provocado reações internas favoráveis a líderes que se opõem a ele. Em países como Canadá, Reino Unido, México e Ucrânia, confrontar o ex-presidente dos EUA virou uma estratégia política eficaz.

No Canadá, o primeiro-ministro Mark Carney cresceu nas pesquisas após se opor diretamente a Donald Trump. “O Canadá jamais, em nenhuma circunstância, será parte dos Estados Unidos”, disse, ao rebater uma ameaça de anexação feita pelo republicano. “No comércio, assim como no hóquei, o Canadá vencerá.”

No México, a presidente Claudia Sheinbaum negociou com Trump e conseguiu adiar a aplicação de tarifas. Sua popularidade atingiu 80% após o episódio, com manifestações populares em seu apoio.

No Reino Unido, o premiê Keir Starmer evitou confrontos diretos sobre tarifas, mas ganhou apoio ao se alinhar a Volodymyr Zelensky após Trump retirar apoio à guerra na Ucrânia. Zelensky, por sua vez, viu sua aprovação subir depois de ser humilhado por Trump em Washington.

Segundo o professor Matthew Baum, da Universidade Harvard, o comportamento de parte do eleitorado nessas situações segue um padrão identificado por cientistas políticos: “A honra nacional está desafiada? Confere. A segurança do país está ameaçada? Confere. Surgiu um único adversário? Confere.”

Para ele, a imagem de um inimigo externo costuma reforçar o apoio interno a líderes nacionais, desde que saibam reagir com firmeza.

Kiko Nogueira
Diretor do Diário do Centro do Mundo. Jornalista e músico. Foi fundador e diretor de redação da Revista Alfa; editor da Veja São Paulo; diretor de redação da Viagem e Turismo e do Guia Quatro Rodas.