
Paul Krugman, vencedor do Prêmio Nobel de Economia em 2008 e especialista em comércio internacional, afirmou que o Brasil teria pouco a perder se optasse por retaliar as tarifas impostas pelos Estados Unidos.
Em entrevista à BBC News Brasil, o economista destacou que os EUA são hoje um parceiro comercial relativamente menor para o Brasil, atrás da China e da União Europeia.
Segundo ele, mostrar força pode surtir mais efeito do que ceder a pressões. “Tudo que vimos sobre a maneira como meu governo opera até agora é que as chances de realmente fazer [Trump] recuar são muito maiores se você mostrar que tem coragem e está preparado para reagir, do que se oferecer concessões”, afirmou. Ele acredita que uma resposta firme poderia fazer o chefe de Estado americano perceber a inutilidade de tentar intimidar o Brasil.
Krugman disse que a decisão dos EUA de impor as tarifas contraria acordos internacionais e demonstra que o país age unilateralmente. Ele afirmou que as tarifas brasileiras sobre produtos americanos são um pouco mais altas do que as de outros países, mas não acredita que reduções nesses tributos resultariam em um recuo por parte do governo Trump.
Para o economista, negociar concessões não resolveria o impasse. “Não iria satisfazer nem de longe o governo Trump”, disse, referindo-se à possibilidade de o Brasil oferecer algum tipo de acordo em troca de alíquotas mais baixas. Segundo ele, a melhor alternativa seria a retaliação comercial.
A tarifa de 50% sobre produtos brasileiros anunciada por Trump entra em vigor em 1º de agosto. O presidente norte-americano afirmou que os percentuais mais altos serão direcionados a países com os quais os EUA não têm “se dado muito bem”.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que um plano de negociação já está pronto e será apresentado ao presidente Lula (PT).