Brasil e México negociam aliança para frear avanço de Trump na OEA

Atualizado em 9 de julho de 2025 às 11:14
O economista Fábio de Sá e Silva, candidato do Brasil à Comissão Interamericana de Direitos Humanos – Foto: Reprodução

O governo do Brasil está negociando com o México uma solução diplomática para a disputa por uma vaga na Comissão Interamericana de Direitos Humanos, ligada à OEA. O impasse surgiu após várias rodadas de votação que não resultaram em maioria qualificada para nenhum dos dois candidatos, com o brasileiro Fábio de Sá e Silva chegando a 16 votos, um a menos que o necessário. Com informações da coluna de Jamil Chade, no UOL.

Nos bastidores, há uma proposta para que o Brasil abra mão da candidatura atual em troca de apoio futuro, o que garantiria ao México a vaga agora.

O objetivo central dessa articulação é conter o avanço da extrema direita na Comissão, após os Estados Unidos emplacarem uma candidata conservadora ligada a Donald Trump. A estratégia é evitar uma guinada ideológica na condução da pauta de direitos humanos na região.

A eleição é considerada decisiva, pois pode formar uma maioria conservadora no órgão. Rosa Maria Payá, apoiada pelos EUA, já foi eleita com 20 votos, despertando preocupação entre ativistas e diplomatas sobre a possível instrumentalização da Comissão para fins políticos.

Um diplomata afirmou que o risco é transformar o órgão na “ante-sala de Marco Rubio”, em referência ao secretário de Estado norte-americano.

Rosa María Payá – Foto: Reprodução

A pressão da Casa Branca incluiu ameaças de cortes de recursos para países que não apoiassem Payá. Essa ofensiva mobilizou governos, especialmente os mais vulneráveis, e foi vista como chantagem diplomática. O temor é que a Comissão perca seu papel técnico e se torne um instrumento da política externa americana, em especial em temas sensíveis como Venezuela, Haiti e democracia na América Latina.

Internamente, o governo Lula enfrenta resistência à ideia de abrir mão da candidatura brasileira. Argumenta-se que Sá e Silva teve desempenho superior nas votações e que o México já ocupa vagas há 16 anos.

Há também o receio de que a oposição explore qualquer concessão como sinal de fraqueza política do Brasil no cenário internacional.