Brasil é o 1º país da América do Sul a eliminar transmissão vertical do HIV; entenda

Atualizado em 19 de dezembro de 2025 às 16:04
Presidente Lula e o ministro Alexandre Padilha receberam o certificado de eliminação da transmissão vertical do HIV. Foto: Divulgação

A Organização Pan-Americana da Saúde e a Organização Mundial da Saúde entregaram nesta quinta-feira (18), ao presidente Lula e ao ministro da Saúde, Alexandre Padilha, o certificado que reconhece a eliminação da transmissão vertical do HIV como problema de saúde pública no Brasil.

Com a certificação, o país se torna o único de dimensão continental a atingir esse marco, resultado de políticas de acesso gratuito ao tratamento e de estratégias consolidadas de prevenção. O reconhecimento internacional foi reforçado nesta sexta-feira pelo diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus.

Em publicação nas redes sociais, ele destacou a dimensão da conquista brasileira. “Parabéns ao Brasil por se tornar o primeiro país da América do Sul — e o maior do mundo — a eliminar a transmissão do HIV de mãe para filho. Essa conquista demonstra que a eliminação é possível com diagnóstico oportuno, tratamento adequado e acesso aos serviços de saúde materna e a um parto seguro”, afirmou.

Durante a cerimônia, o presidente Lula atribuiu o resultado à consolidação do Sistema Único de Saúde. Segundo ele, o SUS garantiu a universalização do cuidado e reduziu desigualdades históricas no acesso aos serviços.

“Hoje, o SUS é motivo de orgulho para o Brasil e para o mundo, porque somos o único país com mais de 100 milhões de habitantes a contar com um sistema de saúde que se fortalece a cada dia”, disse. “Estamos, cada vez mais, alcançando o compromisso de garantir que as pessoas mais pobres tenham o mesmo tratamento de saúde que as mais ricas”.

O ministro Padilha afirmou que o certificado marca um ponto histórico na resposta brasileira ao HIV, quatro décadas após o surgimento da aids no país. Para ele, a eliminação da transmissão vertical é fruto de uma construção contínua.

“O Brasil é o maior país do mundo a eliminar a transmissão vertical do HIV. Hoje, o SUS garante acompanhamento integral às pessoas que vivem com o vírus e amplia, de forma permanente, o acesso a esquemas terapêuticos mais simples, eficazes e seguros”, declarou.

A certificação da OMS se baseia em critérios técnicos rigorosos. O Brasil manteve a taxa de transmissão vertical abaixo de 2% e a incidência da infecção em crianças inferior a 0,5 caso por mil nascidos vivos. O país também alcançou cobertura superior a 95% no pré-natal, na testagem para HIV e no tratamento das gestantes diagnosticadas.

O processo de certificação teve início em junho de 2025, quando o Ministério da Saúde encaminhou à OPAS/OMS um relatório técnico detalhando os avanços na atenção materno-infantil e na redução sustentada da transmissão durante a gestação, o parto e a amamentação. A documentação foi analisada por equipes internacionais antes da validação final.

Os dados mais recentes também indicam melhora nos indicadores gerais da epidemia. Entre 2023 e 2024, o Brasil registrou redução de 13% no número de óbitos por aids, atingindo a menor taxa em 30 anos. A queda é atribuída à ampliação da testagem, ao início precoce do tratamento e ao fortalecimento da prevenção combinada.

A certificação está alinhada às metas da Agenda 2030 da ONU, especialmente no enfrentamento das desigualdades no acesso à saúde. Para a OPAS/OMS, o resultado também reflete o engajamento da sociedade civil e dos entes federativos.

“Esse reconhecimento é fruto de anos de trabalho intenso dos estados e municípios, da liderança do Ministério da Saúde e da fortaleza do SUS, posicionando novamente o Brasil na vanguarda global no combate à doença”, afirmou o diretor da OPAS/OMS, Jarbas Barbosa.

Guilherme Arandas
Guilherme Arandas, 27 anos, atua como redator no DCM desde 2023. É bacharel em Jornalismo e está cursando pós-graduação em Jornalismo Contemporâneo e Digital. Grande entusiasta de cultura pop, tem uma gata chamada Lilly e frequentemente está estressado pelo Corinthians.