Brasil é o país que mais mata ambientalistas, diz ONG

Atualizado em 28 de setembro de 2022 às 22:15
Enterro de vítimas da chacina de Pau D’Arco, em Redenção (PA), em maio de 2017. Foto: Avener Prado

A organização britânica Global Witness, que há dez anos monitora mundialmente homicídios de ativistas pelo direito à terra e pela defesa ambiental, divulgou nesta quarta-feira (28) um relatório que resume os crimes da década e reúne o número de vítimas em 2021. Com informações da Folha de S.Paulo.

De acordo com os dados da organização britânica, o Brasil é o país mais letal da década para defensores da terra e do meio ambiente e concentra 20% dos assassinatos desses ativistas nos últimos dez anos. Ao longo desses dez anos, foram compiladas 1.733 mortes violentas desses defensores globalmente, dentre as vítimas, 39% eram indígenas.

O documento destaca a urgência em proteger esses defensores, em especial num contexto de crise climática e de recorde de devastação da principal floresta do planeta, a Amazônia. No balanço da década, a América Latina concentra 68% das mortes: “A América Latina é das regiões mais desiguais no mundo, o que influencia na violência de maneira generalizada”, avaliou a ativista ambiental chilena Francisca Stuardo, consultora da Global Witness para a região. “Os sistemas coloniais impuseram violências históricas contra esses grupos de defensores, que seguem sendo um alvo importante da violência”

O Brasil concentra 342 ataques letais a ativistas. Um a cada três era indígena ou afrodescendente. E 85% desses ataques ocorreram na região da Amazônia Legal, cuja população está imersa num ecossistema de mercados ilícitos, desde redes de narcotráfico até as de extração ilegal da madeira, minérios e animais selvagens.

No Brasil houve um aumento dessas mortes em relação a 2021, o que “é representativo das muitas ameaças enfrentadas por defensores da terra e do ambiente, particularmente sob o governo do presidente Jair Bolsonaro”.

“Desde que Bolsonaro chegou ao poder, ele tem encorajado a exploração madeireira e a mineração ilegal, desmantelando a proteção de terras indígenas, atacando grupos de conservação e cortando os orçamentos e recursos de agências de proteção florestal e indígena”, descreve o relatório, que aponta o assassinato do indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips, em junho de 2022, como “indicativo da agressão aos povos indígenas e àqueles que tentam protegê-los”.

O texto ainda afirma que os conflitos sobre o direito à terra e à floresta são o principal motor de mortes de defensores no Brasil, numa intersecção entre direitos ambientais e aqueles ligados aos povos indígenas, que “desempenham um papel importante como guardiões da floresta, na contenção das emissões provenientes de seu desmatamento e degradação, o que ajudar a refrear a crise climática.

De acordo com o documento, os principais causadores dos conflitos que promoveram mortes de defensores ambientais em 2021 são: mineração e extração mineral, hidrelétrica, agronegócio, madeireiras ilegais e estradas e infraestrutura

Participe de nosso grupo no WhatsApp, clicando neste link
Entre em nosso canal no Telegram, clique neste link