Na manifestação, o embaixador Tovar da Silva Nunes afirmou que o Brasil “expressa profunda preocupação com a interceptação, pelas forças israelenses, de embarcações pertencentes à Flotilha Global Sumud – um comboio pacífico que transportava a mais necessária ajuda humanitária para Gaza”.
Ele ressaltou que a liberdade de navegação em alto-mar é um direito garantido pelo direito internacional. Segundo os organizadores da missão, o último barco da flotilha, chamado Marinette, foi interceptado às 10h29 do horário local (3h29 em Brasília), a cerca de 42,5 milhas náuticas de Gaza.
Em mensagens divulgadas no Telegram, ativistas afirmaram que a Marinha de Israel “interceptou ilegalmente as 42 embarcações, cada uma delas transportando suprimentos, voluntários e a determinação de romper o bloqueio imposto a Gaza”.
A denúncia brasileira contou com apoio de quase 70 países, incluindo África do Sul, Chile, China, Eslovênia, Espanha, Colômbia e cerca de 50 nações de maioria muçulmana. O Itamaraty articulou a ação diplomática com o argumento de que o ataque fere princípios fundamentais de proteção a civis em missões humanitárias.
“Lamentamos esta ação militar, que viola direitos fundamentais e coloca em risco a integridade física de ativistas humanitários. Nesse sentido, Israel tem total responsabilidade pela segurança e bem-estar dos detidos”, declarou o representante brasileiro em Genebra.
Interceptação de embarcações da “Flotilha Global Sumud” por Israel e detenção arbitrária de cidadãos brasileiros: https://t.co/yw9eliP9pA pic.twitter.com/gmNUWztcvp
— Itamaraty Brasil 🇧🇷 (@ItamaratyGovBr) October 2, 2025
Entre os passageiros da flotilha estavam 14 brasileiros, incluindo o ativista Thiago Ávila, a vereadora Mariana Conti (PSOL-SP), a deputada federal Luizianne Lins (PT-CE), além de Lisiane Proença, Magno Costa e Gabriele Tolotti, presidente estadual do PSOL no Rio Grande do Sul.
O grupo integrava o comboio que tentou levar suprimentos médicos e alimentos à população de Gaza. Na mesma sessão da ONU, o Brasil defendeu o fim imediato das restrições impostas por Israel ao ingresso e à distribuição de ajuda humanitária.
“Reiteramos nosso apelo pelo levantamento imediato e incondicional de todas as restrições impostas por Israel à entrada e distribuição de assistência humanitária em Gaza, em conformidade com suas obrigações como potência ocupante nos termos da Quarta Convenção de Genebra”, disse o embaixador Tovar Nunes.
O Itamaraty ainda destacou que a reconstrução de Gaza dependerá da cooperação internacional. “A solidariedade entre os países e o apoio técnico serão indispensáveis para fortalecer as capacidades locais, especialmente quando for alcançado um cessar-fogo duradouro”, concluiu a nota oficial.