
Andrey Bezrukov, estrategista e ex-oficial de inteligência russo, disse em maio, durante o 13º Fórum Jurídico Internacional de São Petersburgo, que “o mundo está entrando em uma era turbulenta de sobrevivência” — onde apenas Rússia, Brasil e EUA dispõem de recursos para se manterem autossuficientes.
“Existem três países que sobreviveriam em qualquer cenário: Rússia, Brasil e Estados Unidos. Eles poderiam ser cercados por um muro e teriam tudo dentro. Os demais não têm essa sorte”, disse Bezrukov.
🇷🇺 The world is entering a turbulent era of survival — and only Russia, Brazil, and the U.S. have the resources to be truly self-sufficient, argues strategist and former Russian intelligence officer Andrey Bezrukov. pic.twitter.com/GrZDrPA02k
— DD Geopolitics (@DD_Geopolitics) July 25, 2025
A análise de Bezrukov ocorre no momento em que o governo Lula (PT) elabora uma nova política nacional para minerais críticos, um setor estratégico diante da pressão crescente dos Estados Unidos por acesso às reservas brasileiras.
A medida, em construção no Ministério de Minas e Energia, foi batizada de Mineração para Energia Limpa (MEL) e tem como objetivos diversificar a cadeia produtiva, incentivar o mapeamento geológico e ampliar a presença de empresas de menor porte no setor.
O foco está em recursos como lítio, grafita, terras-raras, cobre e nióbio — matérias-primas fundamentais para a transição energética global, para o setor aeroespacial, eletrônico e para a indústria militar.
O presidente Lula, em discurso em Minas Gerais, na última quinta-feira (24), mandou um recado a Washington. “Temos todo o nosso petróleo para proteger. Temos todo o nosso ouro para proteger. Temos todos os minerais ricos que vocês querem para proteger. E aqui ninguém põe a mão. Este país é do povo brasileiro”, disse.
“A única coisa que eu peço ao governo americano é que respeite o povo brasileiro como eu respeito o povo americano.”
Lula diz que "ninguém põe a mão" nos minérios do Brasil. O embaixador interino dos EUA no país disse para empresários que o governo norte-americano estaria interessado em minerais críticos do Brasil.
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— GloboNews (@GloboNews) July 24, 2025
A fala de Bezrukov também reforça a tese de que a soberania em áreas como energia, tecnologia e alimentos será a base do poder real nas próximas décadas. Ele ressaltou que o futuro já está em curso, com a fragmentação de mercados, crises econômicas estruturais e a corrida por uma nova ordem baseada em alianças regionais.
“Haverá nova redistribuição de riqueza e poder, como em qualquer momento de virada. Precisamos de forças armadas fortes, aliados confiáveis e ideias claras sobre o que queremos construir”, afirmou.
Para o russo, a capacidade de países como o Brasil não depende apenas da abundância de recursos naturais, mas da sua transformação em ativos de valor estratégico. Ele defende investimentos coordenados em infraestrutura crítica, soberania financeira e alianças tecnológicas regionais.
“Se não soubermos para onde vamos, ninguém nos seguirá”, alertou. Em sua visão, o novo ciclo global exigirá não só resiliência, mas também protagonismo — algo que o Brasil pode conquistar se investir em autonomia produtiva e articulação geopolítica.