
O Brasil está prestes a deixar novamente o Mapa da Fome da ONU, menos de três anos após retomar políticas sociais estruturantes.
A confirmação extraoficial deve ocorrer entre os dias 27 e 29 de julho, durante cúpula da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), em Adis Abeba, na Etiópia. A última vez que o país havia conquistado essa condição foi em 2014, após mais de uma década de ações contínuas contra a insegurança alimentar.
Segundo o governo, os dados mais recentes mostram que o país já atinge os indicadores exigidos pela FAO para sair do mapa. A taxa de insegurança alimentar severa caiu de 4,7% para cerca de 2,3% entre 2023 e 2024, abaixo do limite de 2,5% definido pela organização. A previsão é que o anúncio oficial ocorra apenas em 2026, após o fechamento da média trienal, mas a antecipação informal já é dada como certa.
O presidente Lula, durante cerimônia em Minas Novas (MG), destacou a reversão do cenário deixado pelos governos anteriores. “Acabamos com a fome em 2014. Quando voltei em 2023, havia 33 milhões de pessoas passando fome. Agora, vocês terão uma surpresa: o Brasil vai sair do Mapa da Fome outra vez”, disse. O ministro do Desenvolvimento Social, Wellington Dias, representará o país no evento da FAO.
Além da redução da fome, o Brasil também apresentou queda expressiva da pobreza e da desigualdade. Dados do Banco Mundial apontam que a extrema pobreza caiu de 9% em 2021 para 4% em 2024, enquanto a pobreza geral recuou de 37% para 23% no mesmo período.
Em números absolutos, 14,7 milhões de brasileiros deixaram a condição de insegurança alimentar grave em apenas um ano.
Parte central dessa transformação está no fortalecimento do Bolsa Família, que desde 2023 passou a garantir repasses mínimos de R$ 600 por família, com adicionais para crianças, adolescentes e gestantes. Um estudo da Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal indica que houve redução de 91,7% na pobreza entre crianças de zero a seis anos em famílias beneficiadas.
Além da transferência de renda, medidas de incentivo ao emprego e ao empreendedorismo também foram decisivas. De acordo com o Caged, 98,8% das 1,7 milhão de vagas com carteira assinada criadas em 2024 foram ocupadas por inscritos no CadÚnico. Mais de 1,2 milhão desses contratados eram beneficiários do Bolsa Família.
Outros programas, como o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e o Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Sisan), também integram o pacote de políticas públicas que sustentam o avanço. Segundo Wellington Dias, o Brasil será o país que saiu do Mapa da Fome em menos tempo. “Antes foram 11 anos, agora, apenas três. Isso é um marco histórico”, afirmou.