Brasil supera tarifaço de Trump e fecha outubro com superávit de US$ 7 bilhões

Atualizado em 7 de novembro de 2025 às 10:59
Donald Trump, presidente dos EUA, e Lula. Foto: Ricardo Stuckert

O Brasil registrou um superávit comercial de US$ 6,96 bilhões em outubro de 2025, segundo dados divulgados pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic) na quinta-feira (6). O saldo representa um crescimento expressivo de 70,2% em relação ao mesmo mês de 2024, quando o resultado positivo foi de 4,09 bilhões de dólares.

As exportações somaram 31,97 bilhões de dólares, alta de 9,1% na comparação anual, enquanto as importações caíram 0,8%, totalizando 25,01 bilhões.

O volume total de comércio (exportações mais importações) chegou a 57 bilhões de dólares, um aumento de 4,5% frente a outubro do ano anterior. Segundo o Mdic, o resultado é o segundo melhor da série histórica para meses de outubro, iniciada em 1989, ficando atrás apenas de 2023.

O saldo positivo aconteceu apesar do desempenho impactado pela forte queda nas exportações para os Estados Unidos, que despencaram 37,9% após o tarifaço imposto pelo presidente Donald Trump em agosto. Em outubro, as vendas brasileiras para o mercado estadunidense somaram 2,21 bilhões de dólares, enquanto as importações vindas dos EUA atingiram 3,97 bilhões.

O efeito foi parcialmente compensado pelo avanço das exportações para outros parceiros comerciais. As vendas para a China aumentaram 33,4%, puxadas principalmente por soja e minério de ferro, totalizando 14,3 bilhões de dólares. Houve também crescimento nas exportações para a Europa (+7,6%), Mercosul (+14,3%) e Índia (+2,3%).

Vista aérea do porto de Santos. Foto: reprodução

Balanço acumulado e setores em destaque

No acumulado de janeiro a outubro, o superávit da balança comercial chegou a 52,39 bilhões de dólares, resultado 16,6% menor do que o registrado no mesmo período de 2024, quando o saldo havia sido de 62,8 bilhões.

As exportações totalizaram 289,73 bilhões de dólares (+1,9%), enquanto as importações somaram 237,33 bilhões (+7,1%). Mesmo com a queda no saldo, o valor ainda é o quarto maior da série histórica.

Entre os setores, a agropecuária foi o destaque, com crescimento de 24% nas exportações — resultado da alta de 15,9% no volume e de 4,4% nos preços médios.

A indústria extrativa avançou 22%, impulsionada pela expansão de 20,1% no volume e 1,5% no preço. Já a indústria de transformação teve alta modesta de 0,7%, com aumento de 5,5% no volume exportado, mas queda de 3,5% nos preços.

Os produtos com maior contribuição para o crescimento foram soja (+42,7%), café não torrado (+16%), milho moído (+7,2%), minério de ferro (+29,5%), cobre (+198,5%) e petróleo bruto (+9%). Entre os itens industrializados, destacam-se carne bovina (+40,9%), ouro não monetário (+71,7%) e máquinas e equipamentos especializados (+87,2%).

Para 2025, o Mdic revisou a projeção de superávit para 60,9 bilhões de dólares, com exportações estimadas em 344,9 bilhões e importações em 284 bilhões. As estimativas são revistas trimestralmente e, segundo o ministério, a revisão mais recente ainda não havia incorporado totalmente os efeitos do tarifaço estadunidense.

Augusto de Sousa
Augusto de Sousa, 31 anos. É formado em jornalismo e atua como repórter do DCM desde de 2023. Andreense, apaixonado por futebol, frequentador assíduo de estádios e tem sempre um trocadilho de qualidade duvidosa na ponta da língua.