Brasil vai aderir à ação que acusa Israel em Haia de genocídio palestino

Atualizado em 14 de julho de 2025 às 9:52
Mulher palestina carrega criança na Faixa de Gaza após ataques israelense. Foto: Mahmud Hams/AFP

O Brasil vai se juntar oficialmente ao processo movido pela África do Sul contra Israel na Corte Internacional de Justiça (CIJ) da ONU, que acusa o Estado judeu de cometer genocídio contra civis palestinos na Faixa de Gaza. O governo brasileiro entrará como terceira parte na ação, conforme informações da colunista Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo.

A confirmação foi feita pelo chanceler Mauro Vieira durante entrevista à emissora Al Jazeera, no fim de semana da cúpula do Brics, no Rio de Janeiro. Questionado sobre a demora na adesão ao processo, Mauro Vieira afirmou: “Nós vamos. Estamos trabalhando nisso, e você terá essa boa notícia em muito pouco tempo”.

Segundo um diplomata, o Itamaraty entende que Israel “deixa claro que vai continuar desprezando a diplomacia, fazendo o que bem entende contra os civis palestinos”, não só em Gaza, mas também na Cisjordânia, “que nunca teve nada a ver com o Hamas”. Por isso, o governo brasileiro acredita que “chegou a hora” de agir em novas frentes.

O chanceler brasileiro, Mauro Vieira. Foto: Reprodução

A decisão tende a provocar reações do governo israelense e pode intensificar os ataques políticos do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, contra o governo Lula (PT).

Ainda na entrevista, o chanceler explicou que o Brasil vinha tentando mediar a paz: “Nós fizemos enormes esforços para chamar por negociações. Os últimos desenvolvimentos da guerra nos fizeram tomar a decisão de nos juntarmos à África do Sul na Corte Internacional”.

A ação sul-africana tramita desde 2022, mas ganhou novo fôlego após uma petição recente que acusa Israel de intensificar a violência e elevar o conflito a “uma nova e horrenda fase”. Israel nega que esteja violando leis internacionais.

O assessor especial da Presidência, Celso Amorim, também se manifestou. No início de julho, declarou que o governo Lula deve manter as relações diplomáticas com Israel em nível mínimo, rejeitar a indicação de um novo embaixador e até rever o acordo de livre comércio com o país, por conta das milhares de vítimas palestinas.