Brasileira acusa TAP após ser hospedada com estranho e escapar de tentativa de estupro

Atualizado em 1 de setembro de 2025 às 10:50
A brasileira (esquerda) e a companheira de quarto no hotel em Paris. Foto: Reprodução

Uma brasileira de 30 anos afirmou ter escapado de uma tentativa de estupro em Paris depois que a TAP a hospedou em um quarto de hotel compartilhado com um homem desconhecido. O caso ocorreu em 31 de maio, após o cancelamento do voo TP 439, que sairia de Paris para Lisboa, conforme a coluna Portugal Giro, do Globo.

Segundo a consultora ambiental, que possui cidadania italiana e trabalha em Portugal, a companhia aérea informou que não havia quartos individuais disponíveis e que a divisão de hospedagem era obrigatória, a menos que ela pagasse do próprio bolso.

“Fui informada por uma funcionária da TAP que não havia quartos individuais suficientes e que eu teria que dividir um quarto com outros passageiros. Eu me recusei, exigindo um quarto só para mim, mas fui informada que essa não era uma opção: ou aceitava, ou pagava do próprio bolso, algo inviável para mim em Paris”, contou.

Alocada com uma alemã e um homem brasileiro, ela relatou que, durante a noite, o homem tentou violentá-la: “Fui acordada com o homem nu em cima de mim, beijando meu pescoço, me segurando, tentando me estuprar. Por sorte, consegui me defender, gritei e ele deixou o quarto”.

Reprodução do voucher para quarto triplo com nomes dos hóspedes cobertos — Foto: Arquivo pessoal para Portugal Giro
Reprodução do voucher para quarto triplo com nomes dos hóspedes cobertos. Foto: Reprodução/Portugal Giro

A passageira registrou boletim de ocorrência por importunação sexual no Brasil e entrou com processo contra a TAP no Juizado Especial Cível, pedindo indenização de até R$ 50 mil.

Segundo sua advogada, Nathália Magalhães, a companhia chegou a oferecer um acordo de R$ 5 mil sem pedido de desculpas. “É inadmissível que só pudessem oferecer hospedagem naquele hotel e em quartos compartilhados. É um tratamento vexatório”, afirmou.

Uma testemunha alemã que dividiu o quarto confirmou, por escrito, que a divisão foi imposta pela companhia aérea. “A divisão do quarto foi imposta pela cia. aérea, sem qualquer possibilidade de recusa ou escolha individual, colocando passageiras em situação de vulnerabilidade e insegurança”, disse.

A brasileira afirmou que decidiu tornar o caso público para alertar outras mulheres: “Quantas outras denúncias de mulheres em situações vulneráveis foram silenciadas por falta de apoio ou forças para prosseguir? Tive o Brasil ao meu lado. E as portuguesas?”.

Testemunho da alemã — Foto: Arquivo pessoal para Portugal Giro
Testemunho da alemã. Foto: Reprodução/Portugal Giro