
O jovem Lucas Bueno, de 20 anos, natural de Francisco Beltrão (PR), decidiu se alistar como voluntário na Guerra da Ucrânia, acreditando que atuaria na área de tecnologia militar. Ele assinou contrato por meio de um site de recrutamento, custeou passagens e equipamentos e seguiu para a Europa com a promessa de trabalhar com drones e sistemas de guerra eletrônica. No entanto, ao chegar ao país, descobriu que seria enviado para a linha de frente do combate contra a Rússia.
A experiência foi curta e marcada por riscos extremos. Durante o treinamento, os voluntários recebiam US$ 400 por mês e, após a formação, poderiam ganhar de US$ 850 a US$ 4,5 mil, dependendo da função. Lucas testemunhou a morte de três colegas: um atingido por mina terrestre, outro capturado e um desaparecido na primeira missão. Diante da situação, decidiu romper o contrato, o que o classificou automaticamente como desertor.
Em 24 de julho, ele enviou um e-mail à Embaixada do Brasil em Kiev pedindo ajuda, mas recebeu como resposta que o governo não poderia interferir em assuntos internos das Forças Armadas ucranianas. Na madrugada seguinte, fugiu do quartel da cidade de Isan, caminhou 16 quilômetros a pé até conseguir carona e percorreu 620 km até Kiev, de onde seguiu viagem até a Polônia.
Na fronteira, enfrentou o maior obstáculo: seu passaporte registrava vínculo ativo com o Exército da Ucrânia. Conseguiu, no entanto, convencer os soldados de que sua situação estava regularizada e foi liberado. De Varsóvia, viajou para Viena, depois Etiópia e finalmente chegou a São Paulo, no mês passado.
Em entrevista ao programa “Domingo Espetacular”, da Record, Lucas contou que a fuga foi arriscada, mas inevitável. “Foi um tiro no escuro em questão de sobrevivência. Agir por instinto foi a única opção”, declarou. O jovem também disse que não desistiu do sonho de viver na Europa, mas que pretende retornar de forma legal e segura, sem vínculo militar.
Agora de volta ao Brasil, Lucas planeja trabalhar e juntar dinheiro para tentar uma vida civil no continente europeu. Segundo ele, a experiência na Ucrânia mostrou que a guerra é uma escolha extrema, que transforma não apenas a vida de quem luta, mas também a de familiares.
Lucas Felype Vieira Bueno, 20 anos, natural de Francisco Beltrão (PR), se voluntariou para lutar na guerra da Ucrânia. Queria operar drones, mas, ao chegar lá, foi enviado direto pra linha de frente.
Ele se sente enganado e fez stories desabafando.
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