O estudante Manoel José Nunes Neto, de Teresina (PI), criou uma espécie de minibarco autônomo para monitoramento da qualidade da água usando peças recicladas de computadores e canos de PVC. A invenção, batizada de rover aquático, ganhou o Prêmio Jovem da Água de Estocolmo 2024, considerado o Nobel de ciência jovem.
A premiação foi entregue em 27 de agosto na Suécia, e a princesa Victoria e patrona do evento. Organizado desde 1997 pelo Stockholm International Water Institute (SIWI), o evento incentiva jovens a criarem soluções inovadoras para desafios hídricos globais.
Manoel conquistou o People’s Choice Award após obter mais de 400 mil votos online. O estudante piauiense disputou o prêmio com mais de 30 projetos de vários países.
O rover aquático é equipado com sensores e uma placa solar, permitindo a coleta e transmissão de dados sobre a qualidade da água em tempo real para computadores e celulares.
“Fiz um barco autônomo, acessível e de baixo custo. São peças recicladas de computadores antigas, o lítio é muito danoso e eu não podia fazer um barco para prejudicar o meio ambiente. Várias peças do rover foram recicladas de outros componentes eletrônicos”, disse Manoel, que gastou R$ 1.500 para produzir a pequena embarcação em um ano e seis meses.
Inspirado por reportagens sobre contaminação por mercúrio, Manoel criou o dispositivo para ajudar comunidades ribeirinhas e o povo indígena Yanomami.
“O projeto surgiu para ajudar as comunidades ribeirinhas, o povo yanomami que sofre muito por causa do garimpo ilegal”, afirmou o jovem. “O governo nunca sabe de onde a contaminação está indo, então, eu quero começar aqui, no Piauí, e expandir para a Amazônia e para o mundo”, acrescentou.
O protótipo é portátil e consegue navegar por diversos ambientes aquáticos, transmitindo informações como temperatura, turbidez, pH, oxigênio e sólidos dissolvidos totais (TDS). O rover também utiliza uma espécie de inteligência artificial para identificar e mapear contaminações.