Após dois anos de pandemia da Covid-19, o desemprego lidera lista de preocupações dos brasileiros, que buscam carteira assinada e maior flexibilidade. O tema foi principal destaque de duas pesquisas realizadas pelo Ipec a pedido do GLOBO.
O primeiro levantamento, feito de maneira presencial em 128 cidades de todas as regiões, ouviu 2 mil pessoas acima de 16 anos, e mostra que o desemprego é tido como o maior problema do país: 43% das pessoas o considera como um dos três desafios mais graves.
A preocupação com o desemprego é maior entre as mulheres (45%, contra 40% dos homens), no grupo que parou de estudar no ensino médio (46%) e nas parcelas mais vulneráveis, já que aumenta conforme mais pobre é o estrato: 53% dos que têm renda familiar mensal até um salário mínimo tratam o assunto de forma prioritária, índice que é de de 31% entre os que recebem mais de cinco salários.
No Nordeste a falta de ocupação aparece com mais destaque (46%). A região concentra quase metade dos beneficiários do Auxílio Brasil, o equivalente a 9,4 milhões de famílias. O tema também preocupa mais quem mora nas periferias dos grandes centros urbanos (51%) do que nas capitais (39%).
A segunda pesquisa feita pelo Ipec, feita pela internet com 2 mil pessoas acima de 16 anos, mostra a preferência pelo emprego formal: 59% disseram preferir trabalho com carteira assinada. No país, a taxa de informalidade continua em um patamar em torno de 40% — cerca de 39 milhões de trabalhadores nessa condição. Também fazem parte desse grupo os que trabalham por conta própria sem CNPJ e trabalhadores familiares.
As mudanças na relação entre os trabalhadores e as empresas foram celeradas na pandemia, e tudo indica que vão seguir como a tônica — 30%, por exemplo, concordam em ter mais um dia de descanso na semana, ainda que isso represente uma queda de 20% no salário.