
O grupo de 13 brasileiros detido por Israel durante uma missão humanitária a Gaza relatou ter sido submetido a tortura psicológica, gritos constantes, privação de sono e apreensão de objetos pessoais enquanto esteve encarcerado. Com informações do jornal O Globo.
Os relatos foram feitos à equipe da embaixada do Brasil na Jordânia, para onde os cidadãos foram levados após a deportação. Eles chegaram ao país por volta das 11h30 desta terça-feira (7), exaustos e famintos — três deles haviam iniciado uma greve de fome.
Segundo o embaixador Márcio Fagundes, responsável pela representação brasileira em Amã, o grupo apresentou sinais de extremo desgaste físico e emocional. “Eles estão bem de saúde na medida do possível, mas depauperados pela experiência”, afirmou.
O diplomata destacou que, embora não tenham sofrido agressões físicas, os relatos de todos confirmam tortura psicológica durante o período em que estiveram sob custódia israelense.
Os brasileiros contaram que as luzes das celas eram acesas de madrugada, acompanhadas por música alta e interrupções frequentes no sono. Os guardas gritavam durante as contagens de presos e realizavam vistorias constantes nas celas. Ao chegar ao local de detenção, o grupo teria sido obrigado a permanecer no sol escaldante, agachado e com a testa encostada no chão, sem direito a atendimento médico, mesmo após pedidos reiterados.
Após 6 dias de prisão ilegal em Israel, os 13 brasileiros da Flotilha Global Sumud, entre eles a deputada Luizianne Lins (PT/CE), estão finalmente livres!
Por volta das 11h (5h em Brasília) desta manhã, as brasileiras e brasileiros cruzaram a fronteira para a Jordânia e foram… pic.twitter.com/Xl4eH471HZ— Luizianne Lins (@LuizianneLinsPT) October 7, 2025
Muitos dos detidos faziam uso contínuo de medicamentos e ficaram sem os remédios, já que seus pertences — incluindo celulares, laptops, dinheiro e cartões — foram confiscados e não devolvidos. Alguns brasileiros chegaram a jogar seus aparelhos no mar antes da captura, seguindo protocolos de segurança combinados pela equipe da missão humanitária.
Após a deportação, a embaixada do Brasil na Jordânia forneceu alimentação, roupas e medicamentos ao grupo, além de permitir que eles entrassem em contato com familiares usando telefones da própria representação. Como as chamadas por WhatsApp são bloqueadas no país, os diplomatas emprestaram seus aparelhos pessoais para facilitar a comunicação.
A deputada Luizianne Lins (PT-CE), que integrava a flotilha humanitária, auxiliou na compra de itens de higiene e roupas, principalmente para as mulheres. “Estão à míngua, pouca coisa foi devolvida. Estão esgotados emocionalmente, mas confiantes e orgulhosos da missão que cumpriram”, afirmou o embaixador. Ainda não há confirmação sobre o cronograma de repatriação dos brasileiros ao país.