BRB tem presidente afastado pela Justiça após prisão de dono do Banco Master

Atualizado em 18 de novembro de 2025 às 9:52
Paulo Henrique Costa, presidente afastado do BRB. Foto: Lúcio Bernardo Jr/Agência Brasília

O presidente do Banco de Brasília (BRB), Paulo Henrique Costa, foi afastado do cargo por decisão judicial nesta terça-feira (18), no mesmo dia em que a Polícia Federal deflagrou uma operação que prendeu o dono do Banco Master, Daniel Vorcaro, e outros quatro diretores da instituição. A medida ocorre no âmbito da Operação Compliance Zero, que apura irregularidades na gestão do Master.

Segundo o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, Costa está nos Estados Unidos. O BRB ainda não se manifestou sobre o afastamento.

A decisão foi tomada poucas horas depois de o grupo Fictor Holding Financeira anunciar um acordo para comprar o Banco Master, com participação de investidores dos Emirados Árabes Unidos e previsão de um aporte imediato de R$ 3 bilhões.

A transação, porém, foi interrompida ainda na manhã desta terça, quando o Banco Central decretou a liquidação extrajudicial do Master e tornou indisponíveis os bens de seus controladores e ex-administradores. Com a liquidação, qualquer negociação em andamento é automaticamente paralisada, encerrando as tentativas de venda da instituição.

Daniel Vorcaro, dono do Banco Master. Foto: reprodução

Paulo Henrique Costa comandava o BRB desde 2019 e foi o responsável pela articulação da tentativa de compra do Master pela instituição brasiliense, operação que já havia sido vetada pelo Banco Central em setembro devido ao risco de sucessão de passivos.

O BRB, criado em 1964 e transformado em banco múltiplo em 1991, é uma sociedade de economia mista controlada majoritariamente pelo governo do Distrito Federal, com atuação em diversas regiões do país. A tentativa de aquisição do Master foi vista como estratégica para ampliar a presença da instituição, mas agora está definitivamente encerrada.

A Operação Compliance Zero também avança sobre as suspeitas que envolvem a venda frustrada do Master ao BRB. Segundo a PF, o objetivo da ação é “combater a emissão de títulos de crédito falsos por instituições financeiras que integram o Sistema Financeiro Nacional”.

As investigações começaram em 2024, após o Ministério Público Federal solicitar apuração sobre a possível fabricação de carteiras de crédito insubsistentes, que teriam sido vendidas a outro banco e substituídas por ativos sem avaliação técnica.

Vorcaro foi preso no Aeroporto de Guarulhos, por ordem da Justiça Federal de Brasília, onde segundo a PF, tentava fugir do Brasil em um jatinho particular. Seu sócio, Augusto Lima, também foi detido. Ambos são suspeitos de irregularidades que precipitaram a liquidação do Master e colocam o sistema financeiro em alerta.

Augusto de Sousa
Augusto de Sousa, 31 anos. É formado em jornalismo e atua como repórter do DCM desde de 2023. Andreense, apaixonado por futebol, frequentador assíduo de estádios e tem sempre um trocadilho de qualidade duvidosa na ponta da língua.