Publicado originalmente no perfil do autor
Por Breno Altman
A lógica dos textos curtos e a dinâmica intempestiva das redes sociais, somadas ao cansaço e ao descuido, às vezes nos levam a opinar de forma descontextualizada.
Foi o que ocorreu comigo em dois posts que escrevi sobre decretos que expandem direitos de compra e posse de arma. Na busca da síntese, acabei passando mensagem simplista, como se achasse que a solução possível fosse o armamento generalizado da esquerda. Peço desculpas aos que me criticaram e também aos que me apoiaram por esse sinal truncado.
Os decretos de Bolsonaro dão continuidade à quebra do Estado de Direito, reforçando milícias urbanas e rurais como um potencial punho armado, ilegal, das classes dominantes.
O povo tem o direito de se defender dessa violência clandestina, incluindo o recurso aos decretos em seu próprio favor. Mas o caminho para enfrentar o neofascismo é o da denúncia e da mobilização social em defesa das garantias democráticas.
Não há dúvidas históricas de que, diante da violência criminosa das elites, os povos não podem aceitar esses ataques sem resistência.
Esse foi o princípio geral que advoguei em meus posts, em um argumento que, tomado de forma isolada, ficou parecendo alguma espécie de apoio à confrontação armada.
Não é essa minha posição, pois seria alienação da realidade. Continuo convencido que apenas a luta de massas, a rebelião social, a desobediência civil, associadas às batalhas institucionais e eleitorais, podem por um fim à aliança entre o neofascismo e o neoliberalismo.
Meu intuito era deixar claro que esses decretos ampliam a ruptura com a Constituição de 1988 e o pacto democrático baseado na soberania popular.
Infelizmente dei brecha para uma compreensão enviesada acerca desse tema.
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