Breno Altman explica posição sobre decretos de Bolsonaro: ‘Ampliam ruptura com a Constituição’

Atualizado em 16 de fevereiro de 2021 às 22:04

Publicado originalmente no perfil do autor

Por Breno Altman

A lógica dos textos curtos e a dinâmica intempestiva das redes sociais, somadas ao cansaço e ao descuido, às vezes nos levam a opinar de forma descontextualizada.

Foi o que ocorreu comigo em dois posts que escrevi sobre decretos que expandem direitos de compra e posse de arma. Na busca da síntese, acabei passando mensagem simplista, como se achasse que a solução possível fosse o armamento generalizado da esquerda. Peço desculpas aos que me criticaram e também aos que me apoiaram por esse sinal truncado.

Os decretos de Bolsonaro dão continuidade à quebra do Estado de Direito, reforçando milícias urbanas e rurais como um potencial punho armado, ilegal, das classes dominantes.

O povo tem o direito de se defender dessa violência clandestina, incluindo o recurso aos decretos em seu próprio favor. Mas o caminho para enfrentar o neofascismo é o da denúncia e da mobilização social em defesa das garantias democráticas.

Não há dúvidas históricas de que, diante da violência criminosa das elites, os povos não podem aceitar esses ataques sem resistência.

Esse foi o princípio geral que advoguei em meus posts, em um argumento que, tomado de forma isolada, ficou parecendo alguma espécie de apoio à confrontação armada.

Não é essa minha posição, pois seria alienação da realidade. Continuo convencido que apenas a luta de massas, a rebelião social, a desobediência civil, associadas às batalhas institucionais e eleitorais, podem por um fim à aliança entre o neofascismo e o neoliberalismo.

Meu intuito era deixar claro que esses decretos ampliam a ruptura com a Constituição de 1988 e o pacto democrático baseado na soberania popular.

Infelizmente dei brecha para uma compreensão enviesada acerca desse tema.

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