Briga judicial entre o filho e a viúva prejudica circulação das obras de Gal Costa

Atualizado em 4 de agosto de 2023 às 18:32
Gal Costa. Foto: Reprodução

 

A obra de Gal Costa, que faleceu em novembro devido a um infarto, enfrenta o risco de ser interrompida e não ser utilizada em novos filmes, exposições, peças e novelas.

Uma complicação judicial envolvendo a herança da artista está tornando incerta a liberação de suas gravações e imagem para novas produções. Wilma Petrillo, viúva de Gal, é acusada por produtores culturais e ex-funcionários de sabotar a cessão dos direitos da artista. As tentativas de contato com Petrillo, feitas pela Folha desde o início de julho, não obtiveram resposta até a data de publicação desta reportagem.

O catálogo de gravações deixado por Gal é um dos bens a serem divididos no inventário, e o administrador da obra será decidido judicialmente. Em janeiro, Petrillo entrou com um processo solicitando o reconhecimento de uma união estável que teve com a artista por 24 anos, o que pode lhe garantir metade da herança e a administração da obra em acordo com Gabriel Costa Penna Burgos, filho adotado por Gal em 2007.

Ex-funcionários de Petrillo relatam que as solicitações para a cessão dos direitos de Gal eram frequentemente ignoradas pela empresária, o que dificultava o uso da obra em produções culturais, como uma exposição recente que não conseguiu incluir uma foto da cantora por falta de resposta.

Wilma Petrillo, a viúva de Gal Costa. Reprodução

O filme “Meu Nome É Gal”, sobre a vida da artista, lançado pelas cineastas Dandara Ferreira e Lô Politi, não enfrentou interferências de Petrillo, pois partiu de um desejo expresso por Gal antes de seu falecimento. A Defensoria Pública do Estado de São Paulo está envolvida no caso devido à possível incompatibilidade de interesses entre o filho adotivo e a viúva.

A sucessão do patrimônio artístico de Gal também tem implicações econômicas, já que os rendimentos das gravações estão represados em uma conta do espólio até o julgamento do inventário. Petrillo administra a carreira de Gal desde 1995, e a autorização para o uso de suas gravações em produções audiovisuais deve ser obtida através das gravadoras, que dependem do consentimento dos herdeiros.

É importante destacar que a administração do patrimônio artístico de um artista é crucial para manter a circulação de sua obra na sociedade, como aconteceu com a poeta Cecilia Meireles, cuja obra foi impedida de ser reeditada devido a um embate entre os herdeiros.

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