Bruno Pereira enviou mensagem alertando sobre risco de vida antes de desaparecer

Atualizado em 15 de junho de 2022 às 10:42
Indigenista Bruno Araújo
Bruno Araújo Pereira

Segundo o relatório enviado ao STF (Supremo Tribunal Federal), a Polícia Federal disse que o indigenista Bruno Pereira, desaparecido, junto ao jornalista britânico Dom Phillips, desde o último dia 5, no Amazonas, temia pela própria vida.

No documento, uma testemunha que prestou depoimento à corporação disse que o ativista teria uma reunião com o líder da Comunidade São Rafael, conhecido como “Churrasco”, na manhã do sumiço, mas que o encontro não chegou a acontecer.

Bruno enviou uma mensagem de texto, no dia 31 de maio, alertando que corria riscos e que a reunião poderia “dar algum problema”. “Ele disse que Bruno é colaborador da Univaja e estava na região acompanhado de Dom Phillips para auxiliá-lo em um documentário jornalístico sobre a EVU, Equipe de Vigilância do UNIVAJA. Bruno e Dom estavam utilizando uma embarcação emprestada pela UNIVAJA, carregavam uma arma de fogo e não possuíam aparelho SPOT de geolocalização, mas apenas aparelhos celulares utializados para registros e função GPS”.

“Ademais, declarou que Bruno teria uma reunião com o líder da Comunidade São Rafael, conhecido pela alcunha ‘CHURRASCO’, na manhã do dia do desaparecimento, reunião que não ocorreu devido à ausência de dele no local. O declarante salientou que Bruno lhe enviou uma mensagem de texto no dia 31/05/2022 alertando que corria risco de vida, pois a reunião marcada para 05/06/2022 poderia ‘dar algum problema’”, disse trecho do relatório.

A Polícia Federal também destacou que colheu o depoimento de Amarildo da Costa Pereira, conhecido como Pelado. Até o momento, é considerado o principal suspeito no sumiço dos ativistas.

No documento, a corporação diz que Pelado afirmou nunca ter conversado com Bruno. “Ainda, reconheceu ter visto Bruno no último domingo, 05/06/2022, enquanto ele passava de barco em frente à Comunidade São Gabriel, onde mora, porém, negou ter saído de casa durante todo o dia, permanecendo o barco parado até segunda-feira, quando saiu para caçar porcos”.

Em outro trecho, testemunhas narram que o brasileiro já relatou ter sofrido ameaças na região e que a embarcação dos desaparecidos foi perseguida pelo principal suspeito. “Em 11/06/2022, uma testemunha com identificação protegida prestou depoimento à Polícia Federal no interesse do inquérito policial instaurado no âmbito da Delegacia de Polícia Federal em Tabatinga. A testemunha relatou que ouviu Bruno dizer que estava sendo ameaçado por pessoas que não aceitavam as atividades de combate às ilegalidades recorrentes contra indígenas da região”, disse o documento.

“Entre as ameaças recebidas por Bruno, algumas delas foram proferidas por ‘PELADO’, indivíduo tempos atrás teria efetuado disparos de arma de fogo contra a base local da FUNAI e, recentemente, ameaçado os “vigilantes” da região ostentando uma arma de fogo do tipo espingarda”, descreveu a PF em outro trecho.

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