Bye, bye, Eduardo: Trump diz que se dá bem ‘com os durões, não com os fracos’

Atualizado em 15 de outubro de 2025 às 9:40
Trump a bordo do Air Force One

“Eu me dou bem com os durões, não com os fracos”, disse Donald Trump a bordo do Air Force One, ao retornar da Cúpula da Paz do Oriente Médio, no Egito. A frase, dita com a habitual arrogância de gângster, é uma espécie de despedida informal a Eduardo Bolsonaro, que vinha tentando sabotar o Brasil nos EUA para tirar o pai da forca.

Trump detalhava a jornalistas suas boas relações com líderes globais e sua capacidade de “apaziguar tensões”. Citou, com entusiasmo, o presidente turco Recep Tayyip Erdogan.

“Quando a OTAN tem um problema com Erdogan — e isso acontece com frequência — eles me chamam para conversar. E eu nunca falhei”, afirmou. Também comentou o cessar-fogo em Gaza, defendendo que o foco agora é “reconstruir” o território, sem discutir “estado único ou dois Estados”. Para o republicano, o “timing foi perfeito” e o acordo marca uma nova etapa da diplomacia americana.

Eduardo Bolsonaro, que buscava apoio entre a ala mais radical do MAGA, viu sua influência evaporar ao longo do tempo. O deputado tentou, junto com seu anão de estimação Paulo Figueiredo, articular sanções contra o ministro Alexandre de Moraes, do STF, e outras autoridades brasileiras.

As manobras fracassaram. A Lei Magnitsky, por razões variadas, se revelou um traque. A aproximação entre Lula e Trump mudou o tabuleiro. Os dois presidentes conversaram nos bastidores da Assembleia Geral da ONU, em setembro, e voltaram a falar por telefone dias depois, num gesto de distensão diplomática.

Trump reforçou o tom amistoso durante um encontro com Javier Milei na Casa Branca na terça (14), quando elogiou novamente Lula, enquanto o argentino voltava a se humilhar mendigando dinheiro. O imperador fez as contas e rifou Eduardo.

Lula passou a chamar Eduardo de seu “camisa 10”. Trump é um velho tubarão que sente cheiro de perdedores e os atropela. Um clássico americano, como o jeans, o hambúrguer e o assassinato em massa.

A retomada do diálogo entre Brasília e Washington foi bem recebida no Brasil. Segundo pesquisa Genial/Quaest divulgada em 8 de outubro, 49% dos brasileiros consideram que Lula saiu politicamente mais forte após o encontro com Trump na ONU. Para Eduardo, resta o eco do recado presidencial — e a certeza de que, na visão do ex-amigo da Casa Branca, ele ficou do lado dos “losers”.

Kiko Nogueira
Diretor do Diário do Centro do Mundo. Jornalista e músico. Foi fundador e diretor de redação da Revista Alfa; editor da Veja São Paulo; diretor de redação da Viagem e Turismo e do Guia Quatro Rodas.