Caças dos EUA sobrevoam o Golfo da Venezuela e encobrem resgate de María Corina Machado

Atualizado em 10 de dezembro de 2025 às 19:17
Caça F-18 decola do convés do porta-aviões USS Gerald Ford, no Caribe. Foto: Divulgação

Na terça-feira (9), dois caças F/A-18 da Marinha dos Estados Unidos sobrevoaram o Golfo da Venezuela, um ato que elevou ainda mais as tensões na região, marcando um novo capítulo na escalada militar dos EUA contra o regime de Nicolás Maduro.

Os jatos voaram por mais de 30 minutos, sendo amplamente monitorados pelo FlightRadar24 e outros sites de rastreamento aéreo, atraindo atenção internacional. Esse sobrevoo foi um dos mais acompanhados do dia, com a presença dos caças se aproximando da cidade de Macaraibo, na Venezuela, localizada a poucos quilômetros do Golfo.

Embora o governo dos Estados Unidos tenha afirmado que o voo se tratou de um “treinamento rotineiro” e tenha minimizado qualquer caráter provocativo, a operação levantou suspeitas de que a real intenção era encobrir outra missão secreta.

De acordo com fontes, os caças F/A-18 estavam, na verdade, atuando como uma distração para encobrir uma operação de resgate envolvendo María Corina Machado, principal opositora de Nicolás Maduro. A política venezuelana, que foi impedida de concorrer nas eleições presidenciais de 2024, teria sido escoltada por aviões militares dos EUA durante sua fuga do país.

Machado, que já havia denunciado perseguições e ameaças por parte do regime bolivariano, foi levada secretamente para a ilha de Curaçao, parte dos Países Baixos, em uma operação que foi descrita como altamente secreta pelo Wall Street Journal.

Os caças F/A-18 e os Growler, versões especializadas do Super Hornet para guerra eletrônica, atuaram como uma cortina de fumaça para desviar a atenção de autoridades venezuelanas e do público. Esse estilo de operação, onde uma ação visível serve como distração para uma missão secreta, foi utilizado anteriormente pelos EUA em operações no Irã.

A ação no Golfo da Venezuela se insere no contexto de uma série de movimentações militares dos Estados Unidos na região. O governo de Donald Trump tem mantido uma presença militar crescente no Caribe, em parte para combater o narcotráfico, mas também com o objetivo declarado de pressionar o regime de Maduro a deixar o poder.

A recente escalada inclui bombardeios a embarcações ligadas ao tráfico de drogas e, segundo autoridades americanas, demonstrações de força para afirmar o alcance operacional das forças dos EUA.

Caças F-18 da Marinha dos Estados Unidos sobrevoam o Golfo da Venezuela em 9 de dezembro de 2025. Foto: Reprodução

Os jatos F/A-18, que estavam visíveis em plataformas de monitoramento aéreo, sobrevoaram uma área de disputado território no Golfo da Venezuela, um corpo d’água que é reivindicado pela Venezuela, mas que também é contestado pelos Estados Unidos e por outros países.

No entanto, a missão americana na terça-feira manteve os caças dentro do espaço aéreo internacional, sem invadir diretamente o território venezuelano. Essa tática tem sido consistente em outras operações realizadas pela força aérea dos EUA na região.

O voo dos F/A-18 não foi um caso isolado. Anteriormente, bombardeiros B-52 Stratofortress e B-1 Lancer também realizaram sobrevoos na costa venezuelana, mas sem se aproximar tanto da área disputada.

Em todos esses casos, a Casa Branca tem enfatizado que a presença militar dos EUA na região visa a luta contra o narcotráfico, uma estratégia que muitos analistas interpretam também como uma forma de pressionar Maduro, que já enfrentou sanções internacionais e uma crescente oposição interna.

Enquanto isso, as autoridades venezuelanas continuam a negar qualquer interferência externa em seus assuntos internos. Maduro, por sua vez, insiste que as operações militares dos EUA têm como objetivo derrubá-lo do poder, alegando que a pressão internacional busca enfraquecer o regime bolivariano.

A política de confrontação e resistência, ao lado das tensões militares, tem sido a principal estratégia do governo venezuelano diante da crescente presença dos EUA nas proximidades.

No meio disso tudo, María Corina Machado, que continua sendo a oposição ao regime de Maduro, recebeu na quarta-feira (10) o Nobel da Paz, um prêmio que, infelizmente, ela não pôde receber pessoalmente devido à impossibilidade de sair da Venezuela a tempo.

Sua filha foi quem compareceu à cerimônia para aceitar a premiação em seu lugar. O governo venezuelano ainda não comentou sobre o envolvimento dos caças americanos no resgate de Machado, nem sobre a crescente presença militar dos EUA na região.

Guilherme Arandas
Guilherme Arandas, 27 anos, atua como redator no DCM desde 2023. É bacharel em Jornalismo e está cursando pós-graduação em Jornalismo Contemporâneo e Digital. Grande entusiasta de cultura pop, tem uma gata chamada Lilly e frequentemente está estressado pelo Corinthians.