Cadê autocrítica? Míriam Leitão prefere atacar Dilma a falar sobre os novos diálogos entre Moro e Dallagnol

Atualizado em 30 de janeiro de 2021 às 15:03
Miriam Leitão, Moro e o filho dela, Vladimir Netto, no lançamento do livro sobre a Lava Jato

Míriam Leitão reforçou sua posição sobre o golpe contra Dilma numa resposta à ex-presidente, que notara seu “sincericídio tardio” num artigo sobre Bolsonaro.

Míriam demorou cinco dias para se mexer, o que indica que foi convencida pelos patrões ou por outras forças ocultas nem tão ocultas assim.

Ela resume assim:

Dilma interpretou como se eu estivesse querendo apagar o que escrevi quando ela enfrentou o processo no Congresso. Reafirmo tudo o que escrevi sobre ela e sobre aqueles fatos.

Na própria coluna de domingo eu repeti que Dilma cometeu crime de responsabilidade fiscal e provocou o desmoronamento da economia.

Por suas decisões o país enfrentou recessão, inflação, desemprego, elevação do déficit e da dívida. Não foi golpe o que aconteceu em 2016. Nunca achei que fosse, nem na época, nem agora.

Vai morrer negado o óbvio.

E em relação a Sergio Moro? Ela mantém tudo o que falou na época?

E agora?

Míriam deve um mea culpa por seu papel na ascensão dessa figura tenebrosa que é o ex-juiz da Lava Jato e de seus asseclas na República de Curitiba.

Ajudou a criar a imagem absolutamente falsa do ex-ministro de Jair Bolsonaro. Militou a favor de um ídolo de barro que, ela sabia, era tão verdadeiro quanto Joquim Barbosa.

Seu filho Vladimir Netto, além de dar curso aos vazamentos da operação no Jornal Nacional, prestou assessoria a Deltan Dallagnol.

Ambos, mãe e filho, estiveram com Moro no lançamento do best seller sobre o marreco do Maringá.

Na obra, Vladimir incensa o talento mastodôntico de Moro para trocar as fraldas da filha (use sua imaginação para especular sobre o que foi feito com a merda).

A Globo não deu uma linha sobre os novos diálogos da Vaza Jato que a defesa de Lula obteve e que estavam sob sigilo determinado pelo STF.

Neles, Dallagnol aparece dando satisfação ao “chefe” sobre a consistência da denúncia contra Lula, entre outras coisas.

O silêncio dela e de colegas como o picareta Fernando Gabeira é estrondoso.

Míriam é coerente com sua desonestidade intelectual e com a canalhice com que exerce a profissão de mistificadora. Para assumir os erros é necessária uma grandeza que eles não têm.

Kiko Nogueira
Diretor do Diário do Centro do Mundo. Jornalista e músico. Foi fundador e diretor de redação da Revista Alfa; editor da Veja São Paulo; diretor de redação da Viagem e Turismo e do Guia Quatro Rodas.