A marca de camisetas Vista Rap, especializada em roupas de música e cultura pop, lançou recentemente um produto inusitado: uma camiseta com a imagem da cadeirada dada pelo candidato do PSDB à Prefeitura de São Paulo, José Luiz Datena, no adversário do PRTB, Pablo Marçal.
O incidente ocorreu na noite de domingo (15), durante um debate promovido pela TV Cultura. Embora fotos políticas não sejam o foco da marca, eles decidiram arriscar. O resultado? A camiseta se tornou o item mais vendido da empresa nos últimos tempos, um exemplo de marketing ultraveloz. Já foram vendidas centenas de unidades, mas os números finais ainda não foram divulgados.
Nas redes sociais e em sites, estrategistas de marketing destacam essa como uma onda de criatividade e oportunidade. Além disso, o episódio gerou centenas de memes, com possíveis impactos na campanha eleitoral.
“O ato da cadeirada, além de expor uma crise na democracia brasileira e em nosso sistema eleitoral, fez com que empresas tentassem capitalizar em cima disso ao vender camisetas e outros produtos. Vejo esse fenômeno como uma espécie de normalização do absurdo, ou até mesmo uma mercantilização da violência. E o pano de fundo de tudo isso é a configuração atual do capitalismo, um sistema que coloniza tudo o que é visível e encontra brechas para monetizar tudo o que existe, demonstrando uma astuta capacidade de se adaptar aos tempos, independentemente das condições ao seu redor”, afirma Marcos Hiller, sócio-fundador da The Hiller & Branding e doutorando em comunicação e práticas de consumo.
A Nossa Casa Criativa, uma malharia de São Leopoldo, no Rio Grande do Sul, está vendendo em sites especializados uma camiseta com a cena da cadeirada por R$ 99,99, onde os personagens, Datena e Marçal, aparecem caricaturados no estilo dos Simpsons.
A primeira tiragem experimental de 50 camisetas esgotou rapidamente, e novas unidades estão sendo produzidas. Outra camiseta, com a frase “Faz o C” – uma piada com o “Faz o M”, de Marçal –, que traz o desenho de uma cadeira, está sendo vendida por R$ 37,95. Como o post é recente, ainda não há dados sobre as vendas.
Empresas como Duolingo, Magalu e Cerveja Rio Carioca rapidamente aproveitaram a oportunidade para engajar com o público. O Duolingo, aplicativo de ensino de idiomas, passou a publicar nas redes sociais diferentes formas de dizer a palavra “cadeira” em diversos idiomas, acumulando mais de 50 mil curtidas no Instagram. Até a Havan, marca associada ao bolsonarismo devido ao seu proprietário, Luciano Hang, entrou na brincadeira, vendendo réplicas da banqueta mais famosa do Brasil.
Um vídeo no Instagram simula a cena entre dois vendedores, que depois caem na risada. “Vem aqui agora, é você mesmo!”, brinca um deles. “Na Havan você encontra banquetas de vários tamanhos e cores para sua casa”, finaliza o anúncio. A Cerveja Rio Carioca fez uma brincadeira com um post sobre a harmonização de sua cerveja com “caldeirada”, um prato tradicional português à base de peixe e mariscos. O Magazine Luiza também aproveitou a onda, anunciando: “Tem cadeira pra sentar e ficar de boa no Magalu”, o que já gerou mais de 5 mil comentários.
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Empresas de marketing de diversos setores, como a plataforma digital para padarias EPadoca e a JotaGui, do influenciador digital João Guilherme, estão oferecendo estratégias de marketing e produção de posts associando suas marcas à “cadeirada”. “Surfar a onda da cadeirada como estratégia de marketing revela muito sobre os valores da marca e do produtor de conteúdo. É uma excelente estratégia”, explica João Guilherme.
“Se você quer aproveitar para potencializar os resultados da sua padaria, essa é a hora!”, publicou um executivo da EPadoca, que criou a campanha “Cadeiradas do Empreendedor”, onde, na imagem do conflito, foram adicionados balões, como nos quadrinhos. “Quando você acha que vai descansar, e o cliente liga com uma emergência”, diz um dos exemplos.
Um anunciante no Mercado Livre decidiu colocar à venda uma cadeira que supostamente seria a usada por Datena para agredir Pablo Marçal. Brincadeira ou farsa, o anúncio está lá. “Cadeira que o Datena bateu no Pablo Marçal”, diz o título do produto. A pessoa está pedindo R$ 3 mil pela suposta cadeira, e o anúncio, mesmo visivelmente falso, viralizou nas redes sociais. Como era de se esperar, ainda não há lances.
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