“Caiu a ficha”: aliados de Bolsonaro veem mudança de tom em discurso

Atualizado em 30 de junho de 2025 às 13:29
O ex-presidente Jair Bolsonaro durante ato na Avenida Paulista, neste domingo (29). Foto: Sebastiao Moreira / EPA

Aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro observam uma mudança de tom em seu discurso, especialmente com o julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a tentativa de golpe de Estado se aproximando. Durante ato realizado na Avenida Paulista neste domingo (29), ele deslocou o foco de seu discurso da própria candidatura à Presidência em 2026 para um apelo mais estratégico: conquistar uma maioria no Congresso Nacional.

“Se vocês me derem, por ocasião das eleições do ano que vem, 50% da Câmara e 50% do Senado, eu mudo o destino do Brasil”, declarou. A declaração diverge de outras recentes do ex-presidente, que vinha insistindo em uma candidatura e ignorando a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que o tornou inelegível até 2030.

Segundo a jornalista Andreia Sadi, do G1, o discurso foi interpretado por aliados como um reflexo de um “conformismo” diante de sua inelegibilidade irreversível.

“Caiu a ficha”, disse um aliado próximo. Este cenário forçou Bolsonaro a recalcular sua estratégia, priorizando agora a proteção política de si mesmo e de sua família, ao invés de continuar insistindo em uma disputa direta pela Presidência.

Eduardo, Heloisa, Jair, Michelle, Flávio e Fernanda. Foto: Reprodução

Nos bastidores, há uma crescente avaliação de que a ideia de colocar familiares de Bolsonaro em cargos de destaque, como em uma chapa presidencial, pode ser prejudicial, transferindo a rejeição para os candidatos de cabeça de chapa, como Tarcísio de Freitas (Republicanos), Ronaldo Caiado (União) ou Ratinho Júnior (PSD).

A alternativa seria apostar na eleição de seus filhos e de sua esposa, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, para cargos no Legislativo, onde as chances de sucesso são mais favoráveis, já que pesquisas indicam que esses cargos possuem maior aceitação entre o eleitorado.

A mudança de foco de Bolsonaro para o Congresso também reflete o desejo de aliados de sua situação jurídica seja resolvida ainda em 2025, o que permitiria uma definição mais clara sobre quem liderará o campo da extrema-direita nas eleições de 2026.

A decisão de priorizar o Legislativo, portanto, parece ser uma estratégia mais segura para garantir uma influência política contínua, mesmo diante da impossibilidade de disputar a Presidência.

Michelle, frequentemente cotada como uma possível presidenciável em 2026, não participou do evento, o que chamou atenção. Aliados deram diferentes desculpas para justificar sua ausência no ato deste domingo.