Câmara de SP entrega rua à Igreja Batista e se dobra ao lobby religioso

Atualizado em 7 de setembro de 2025 às 13:10
Rua Canoal, na Vila Andrade, zona sul de São Paulo – Foto: Reprodução

Mais entreguista impossível.

A Câmara Municipal de São Paulo aprovou uma emenda que autoriza a privatização da Rua Canoal, localizada na Vila Andrade, zona sul da capital. A medida atende diretamente à Igreja Batista do Morumbi, que possui imóveis nos dois lados da via e já havia tentado autorização para fechá-la em 2024. A proposta foi apresentada pelo vereador Isac Félix (PL), que é membro da igreja, e aprovada em bloco junto a outras emendas, por 30 votos a 13.

Na justificativa oficial, o parlamentar afirmou que a rua “deixou de atender à sua finalidade pública originária, qual seja, a fruição coletiva e irrestrita para a comunidade”. Caso sancionada pelo prefeito Ricardo Nunes (MDB), a via deixará de ser um bem de uso comum e passará à categoria de bem dominial, podendo ser vendida. A Prefeitura informou que tem 15 dias úteis para decidir entre sancionar integralmente, vetar ou sancionar parcialmente o texto, após parecer técnico das secretarias competentes.

Ricardo Nunes, prefeito de SP – Foto: Reprodução

A Rua Canoal possui cerca de 100 metros de extensão e 7 metros de largura, equivalente a 700 m². Um dos imóveis ligados à igreja é ocupado pelo Christian Hall, instituição de ensino médio, graduação e pós-graduação associada a redes internacionais. O templo principal, com 4,1 mil m² de área construída, também fica no entorno, onde a igreja atua há mais de 40 anos com atividades religiosas e projetos sociais.

Em 2024, a Igreja Batista do Morumbi havia solicitado à Prefeitura o fechamento da via com portão ou cancela. O pedido foi negado pelo subprefeito do Campo Limpo, após parecer da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), que apontou impacto no trânsito e necessidade da rua para ligação entre trechos da Carvalho de Freitas e da Maria José da Conceição.

O relatório técnico também destacou que a Rua Canoal é usada por moradores de condomínios residenciais e frequentadores de escolas próximas.

A CET ressaltou que a via cumpre papel importante na mobilidade local e oferece vagas de estacionamento em períodos de grande movimento. A avaliação é que seu fechamento poderia prejudicar a circulação.