Câmara já gastou mais de meio milhão com Zambelli desde sua fuga do Brasil

Atualizado em 5 de dezembro de 2025 às 6:52
Carla Zambelli em audiência no Tribunal de Apelações de Roma, em agosto. Foto: Reprodução/TV Globo

A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) soma R$ 521 mil em despesas de gabinete desde que deixou o país em 3 de junho, mesmo estando presa na Itália e aguardando decisão sobre seu pedido de extradição. Embora ausente, ela mantém 12 funcionários ativos, pagos com recursos públicos. Com informações do UOL.

Os valores divulgados pelo site da Câmara correspondem aos salários da equipe entre junho e outubro — novembro ainda não consta no sistema. Em outubro, Zambelli quase atingiu o teto mensal da verba de gabinete, de R$ 133.170,54, ao utilizar R$ 132.886.

Mesmo afastada das atividades parlamentares e proibida de acessar seu salário de R$ 46,3 mil e a verba de gabinete por ordem do ministro Alexandre de Moraes, a estrutura permanece funcionando porque ela segue “no exercício do mandato”.

Segundo sua assessoria, o gabinete continua executando tarefas como acompanhamento de emendas, projetos de lei e articulações no estado.

Cada deputado pode contratar até 25 secretários parlamentares, cujos salários variam entre R$ 1.584,10 e R$ 9.359,94 — podendo dobrar com gratificações. Desde o início do ano, somando o período anterior à fuga, Zambelli gastou R$ 1,1 milhão com pessoal. Após seu afastamento, 17 funcionários foram desligados em períodos diferentes, e o suplente José Olímpio (PL) chegou a comandar temporariamente o gabinete.

Situação judicial no Brasil e na Itália

Zambelli foi condenada de forma definitiva pelo STF a mais de 15 anos de prisão em dois processos: contratar um hacker para inserir um falso mandado de prisão contra Alexandre de Moraes e sacar uma arma contra um homem na véspera da eleição de 2022. Com o trânsito em julgado, a pena não pode mais ser revertida.

Mesmo assim, a CCJ da Câmara rejeitou a abertura de processo de cassação, impedindo que o caso fosse levado ao plenário.

Na Itália, a decisão sobre sua extradição foi adiada para 18 de dezembro. Seu advogado, Angelo Alessandro Sammarco, pediu que a Corte de Apelação de Roma avalie novos documentos — entre eles, o parecer da CCJ contra a cassação, que tenta usar como argumento para impedir a extradição.

Zambelli deixou o Brasil alegando “tratamento médico”, sem detalhar destino ou quadro de saúde. Dias depois, Moraes decretou sua prisão preventiva. Ela foi detida na Itália em julho, e desde então as audiências trataram apenas de pedidos da defesa para reverter a custódia.

A sessão desta quinta-feira é a primeira dedicada efetivamente ao processo de extradição, adiada anteriormente por causa da greve de servidores públicos no país.