
Mensagens interceptadas pela Polícia Civil fluminense mostram que o Comando Vermelho mantém uma rede de olheiros para monitorar em tempo real a movimentação de tropas policiais no Rio de Janeiro. Os grupos atuam em portas de batalhões, entradas de favelas e vias expressas, com reforço de drones e câmeras instaladas em regiões controladas pela facção. As investigações indicam que o monitoramento ocorre de forma contínua e organizada pelas comunidades. Com informações do Globo.
O material obtido aponta participação de Carlos da Costa Neves, o Gadernal, identificado como membro da cúpula do Comando Vermelho. Segundo a Delegacia de Repressão a Entorpecentes, ele é considerado responsável por estratégias contra quadrilhas rivais e forças de segurança. As mensagens reforçam que o acompanhamento do deslocamento de viaturas abastece outras investigações sobre a estrutura do tráfico no estado.
Os grupos de mensagens revelam que os olheiros acompanham a passagem de veículos da Polícia Militar, Polícia Civil, Força Nacional e até do Exército por pontos estratégicos, como Avenida Brasil, Linha Amarela e Avenida Paulo de Frontin. Vídeos enviados por pedestres mostram comboios em deslocamento durante as madrugadas. Em ocasiões anteriores, os agentes registraram a presença de ambulâncias e veículos blindados.

Os áudios relatam tentativas de seguir comboios por motocicleta e avisos sobre direcionamentos para favelas controladas pela facção e regiões com presença da milícia. Em um dos relatos, um olheiro descreve deslocamentos por vias ligadas a comunidades da Zona Norte. A atuação ocorre em ambiente urbano e considera rotas que dão acesso a áreas sensíveis para a quadrilha.
As investigações identificam também o uso de câmeras adquiridas por integrantes da facção, com instalação nas imediações das favelas e ligação com redes de internet locais. Em mensagens, um fornecedor detalha valores de equipamentos e prazos de entrega. A estrutura permite acompanhamento de entradas, movimentação de viaturas e pontos considerados de interesse pelos traficantes.
A Polícia Militar afirma que realiza alinhamentos estratégicos com a Polícia Civil para monitorar atos criminosos. A Civil informa que tenta identificar integrantes que participam das ações virtuais e presenciais de vigilância. Ontem, um homem acusado de monitorar viaturas foi preso na Baixada Fluminense, em meio ao avanço das investigações sobre o caso.

